sábado, 9 de junho de 2012

O Sudário de Oviedo (Leonard Foglia & David Richards)

       Desde a polêmica publicação de Dan Brown de O Código Da Vinci, a literatura contemporânea tem seguido uma tendência a abordar aspectos impactantes no cristianismo, na tentativa de desconstruir algum aspecto de sua doutrina, fornecer-lhe outra versão ou mesmo pela repercussão quando esse é o tema. Assim acontece com O Sudário de Oviedo, em uma trama em torno de umarelíquia do catolicismo.
Na cidade espanhola de Oviedo, todos os anos um sudário era exposto para veneração dos fieis, durante os dias sagrados da Páscoa. Trata-se de um pequeno tecido que supostamente teria sido colocado sobre a cabeça de Jesus quando foi sepultado. Em uma destas exposições, seu tutor Dom Miguel Alvarez, misteriosamente falecera na Câmara Secreta durante a cerimônia de recolhimento do sudário. Como a relíquia estava aparentemente intacta, as autoridades religiosas não procederam maiores investigações sobre o caso, sem no entanto suspeitarem que ela houvesse sido adulterada.
Sete anos depois, na cidade de Boston (EUA), uma jovem garçonete tentava driblar a rotina cansativa do restaurante Blue Dawn Diner. Hannah Manning havia perdido os pais em um acidente automobilístico aos 12 anos de idade, à mesma época em que o tutor do sudário havia falecido. Vivia com seus tios Ruth e Herb e sentia que precisava de algo que lhe fizesse sentir um gosto maior pela vida. Hannah era repleta de sentimentos altruístas e, ao se deparar com um anúncio para mães de aluguel em um jornal, abraçou a proposta, mesmo sob os alertas da amiga Teri. Tratava-se da associação Partners in Parenthood (PIP), dirigida por Letitia Greene - cuja verdadeira identidade viria a ser revelada posteriormente como sendo Judith Kowalski - na qual mães de aluguel geravam os filhos de casais com problemas de procriação, mediante o processo de engenharia genética da fertilização in vitro. Tais mães teriam um vínculo apenas temporário com o casal e receberiam um pagamento considerável durante a gestação. Deste modo, Hannah seria como uma espécie de incubadora do casal Jolene e Marshall Whitfield. A gratidão pelo gesto da garota e os problemas que vinha enfrentando com a reprovação por parte de seus tios frente tal escolha, fizeram com que os Whitfield acolhessem Hannah em sua casa em Fall River, durante a gravidez.
Jolene e Marshall eram extremamente atenciosos com Hannah. Porém, nos meses finais da gestação, os dois vinham apresentando um comportamento estranho. Hannah fizera amizade com o padre Jimmy, que atuava na Igreja Nossa Senhora da Luz Perpétua. Orientado pelo pároco e confrade Monsenhor Gallagher, padre Jimmy tentava se envolver o mínimo possível com a garota, mas algo lhe fazia crer que ela estava em perigo. Desta forma, descobre que o casal era adepto de um tipo de crença conspiratória segundo a qual a segunda vinda de Cristo se daria por meio da ciência: ele devia nascer novamente de uma virgem. Cruzando tal informação com a adulteração do Sudário de Oviedo, concluíra que Hannah havia sido fecundada a partir do DNA do sangue encontrado no pano. A menina fora vítima de uma farsa para que se tornasse o meio de geração do clone de Jesus.
            A trama na qual o romance é construído fornece elementos suficientes para que um clima de suspense envolva a história. Os autores se focam mais nesse clima do que na apresentação de dados históricos detalhados sobre a relíquia ou a seita do casal Whitfield, o que dá a obra um caráter mais contido e menos informativo. O livro se tornou um sucesso de vendas na Europa mas sem levantar muita polêmica. Talvez seu valor, além da curiosidade natural que o suspense suscita no leitor, esteja também em abordar uma possível teoria não muito em voga sobre a segunda vinda de Cristo.  

FOGLIA, Leonard; RICHARDS, David. O Sudário de Oviedo. Rio de Janeiro: Suma de Letras, 2007. 271 pgs.

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