segunda-feira, 25 de julho de 2016

Harry Potter e as Relíquias da Morte (Joanne K. Rowling)

            A morte de Dumbledore causada pelo professor Severo Snape, representou para Harry a perda de um mestre, peça chave na luta contra as artimanhas de Voldemort. Por outro lado, o choque mobilizou Harry a partir rumo à missão que lhe foi confiada pelo falecido diretor da Escola de Hogwarts: encontrar e destruir as Horcruxes que encerravam a alma do Senhor das Trevas.
            O professor Severo Snape assumiu o cargo de Alvo Dumbledore em Hogwarts. A escola estava tomada pelos Comensais da Morte que faziam sua segurança todo o tempo. O Ministério da Magia vinha monitorando todos os acessos à escola e promovera uma verdadeira caçada àqueles que possuíssem algum vínculo com Harry Potter. O mal aparentemente vencera e bastava que o garoto fosse capturado e levado à presença de Lord Voldemort, a fim de que ele mesmo o derrotasse definitivamente e assumisse o controle do mundo bruxo. Esse clima de perseguição, no entanto, não intimidou a família Weasley que celebrou o casamento de Gui Weasley e Fleur Delacour numa cerimônia que contou com a presença camuflada de Harry Potter, sob a escolta da Ordem da Fênix. A jornada, no entanto, custara as vidas da coruja de Harry (Edwiges) e de Olho Tonto, num ataque surpresa de Voldemort e seus Comensais da Morte.
            Passadas as comemorações, Harry e seus amigos inseparáveis – Rony e Hermione – partiram à procura do enigmático mistério das Horcruxes. Para destruí-las, era necessário encontrar a verdadeira espada de Godric Gryffindor. De forma velada, o trio perpassa por várias situações como a espionagem na sede do Ministério da Magia, a visita ao Cemitério de Godric’s Hollow, onde os pais de Harry foram sepultados e a invasão ao Banco Gringotes. Durante uma dessas aventuras, o pai de Luna Lovegood fala-lhes de uma história sobre certas “Relíquias da Morte” que eram capazes de tornar quem as possuísse o verdadeiro Senhor da Morte. Eram três: a capa da invisibilidade, a Pedra da Ressurreição e a Varinha das Varinhas. Restava a Harry e seus amigos ligarem os fatos e descobrirem toda a verdade em torno de tais relíquias bem como a localização exata das Horcruxes. Contudo, o Lorde das Trevas estava impaciente e disposto a causar muita dor e destruição até que Harry Potter finalmente lhe fosse entregue.
            Uma característica que deixa o livro ainda mais empolgante é que as respostas não são dadas, mas sim construídas à medida que Harry vai conectando as partes do enigma em torno da figura de Voldemort. Das sete Horcruxes, algumas já haviam sido destruídas, mas as que ainda restavam poderiam por tudo a perder, caso o bruxo das trevas triunfasse antes de Harry ter reunido todas as peças.
            O garoto Potter é apresentado nesse volume com uma personalidade abalada pelas recentes perdas que sofrera, mas também insegura quanto à difícil tarefa de juntar as peças do quebra-cabeça que finalmente derrotaria o maior inimigo de toda a comunidade bruxa. Por outro lado, o companheirismo de seus amigos é a força motriz que faz com que Harry abrace sua missão com coragem e bravura, mesmo no momento em que o sacrifício de si mesmo é indispensável para o triunfo final. Assim como nos outros livros da série, a trajetória que deveria seguir está dispersa em várias pistas. A sorte de Rony, a inteligência de Hermione e a coragem de Harry ganhariam apoio dos professores e alunos de Hogwarts em uma batalha épica que colocaria frente a frente ninguém mais do que os maiores inimigos do universo de Joanne K. Rowling.

REFERÊNCIA LITERÁRIA
Título:   Harry Potter e as Relíquias da Morte
Autoria: Joanne K. Rowling
Editora: Rocco
Ano:      2007
Local:    Rio de Janeiro
Série:    Harry Potter - Livro VII
Gênero: Infanto-juvenil | Aventura | Fantasia

Confira o trailer das adaptações para o cinema lançadas em 2010 e 2011:

Parte I (2010)

Parte II (2011)

sexta-feira, 15 de julho de 2016

Ratos (Gordon Reece)



            Atuante na área de livros infantis ilustrados e graphic novels, esse é o primeiro romance do escritor britânico Gordon Reece.
            Shelley vivia com sua mãe, Elizabeth, em uma casa de campo chamada Chalé Madressilva cuja compra se deu pelos encadeamentos dos fatos lamentáveis por que passaram. A mãe de Shelley é uma advogada que se separou do marido após descobrir uma traição. O dinheiro que conseguiu após a divisão dos bens da propriedade matrimonial em que viviam fora aplicado na compra da nova casa afastada da cidade, uma vez que ambas procuravam um lugar longe dos agitos dos centros urbanos. Contudo, outras razões também influenciaram na opção por um local bucólico, sendo a principal, o fato de Shelley ter sofrido bullying na escola onde estudava.
            Shelley tinha três amigas de infância e, juntas, formavam as JETS (sigla formada com as iniciais dos nomes de cada uma). Sempre se reuniam para as brincadeiras, bem como para os estudos desde cedo. Contudo, ao chegarem à adolescência, as amigas mudaram bastante, enquanto Shelley continuava a garota responsável de sempre. Tal ocorrência suscitou o ódio das amigas que passaram a ridicularizá-la em público todos os dias. Shelley suportava tudo silenciosamente por medo de retaliação, escondendo os abusos da escola e de sua mãe. Contudo, quando teve os cabelos incendiados num episódio que quase lhe custara a vida, Shelley quebrou o silêncio. Mesmo assim, por ausência de provas concretas, a escola e a polícia inocentaram as garotas e Shelley seria mais uma vítima a ter seus estudos ministrados em casa, até que o trauma fosse vencido. Era a confirmação de uma metáfora que a garota criara para si mesma: ela sempre se comportara como um rato, sempre tendo que se esconder e fugir dos mais fortes por ser incapaz de se defender.
            No aniversário de 16 anos de Shelley, um episódio trágico transformaria definitivamente sua vida e a de sua mãe, forçando-as a não mais se comportarem como ratos assustados. Durante a madrugada, um assaltante drogado invadira os aposentos da pacata residência e as fizera reféns por algumas horas. Mesmo tendo agredido física e verbalmente mãe e filha, o assaltante parecia satisfeito com o que conseguira roubar e já estava partindo. Nesse momento, Shelley supera o rato que sempre fora e parte para cima do assaltante com toda a fúria. Todavia, a ação repentina traz consequências avassaladoras, fazendo com que ela tenha sua vida perturbada por muito tempo depois.
            Embora desperte curiosidade sobre o desfecho do ataque de Shelley ao assaltante, esse é o tipo de livro que um mínimo de spoiler seria capaz de destruir qualquer motivação em ler a obra na íntegra. Portanto, os comentários sobre a trama se encerram por aqui, em respeito àqueles que não conhecem a história. Mesmo assim, valem algumas considerações sobre o conjunto da obra.
            A narrativa acontece em primeira pessoa, sendo a própria Shelley quem conta os fatos. Ela é a narradora-personagem e conta não somente os fatos objetivamente, mas também seus sentimentos e emoções frente aos acontecimentos. Por causa disso, a obra possui um caráter autobiográfico, como se fosse um recorte de um acontecimento importante da vida da garota, contado minuciosamente, dado o impacto que provocou nos moldes de sua personalidade. No entanto, tal impacto não a altera instantaneamente, uma vez que Shelley tem pensamentos suicidas, amargados pela culpa que carregava diante do que tinha feito. Interessante salientar a modificação por que mãe e filha passam, de forma que elas se aperfeiçoaram, à medida que fizeram coisas piores e mais cruéis. Enfim, Shelley conta como superou, ainda que criminosamente o rato que sempre fora, de forma que ela se encheu de coragem para enfrentar a vida bravamente. Literariamente a obra pode ser classificada como um thriller psicológico muito bem construído.
            O livro é polêmico tanto quanto é filosófico. A forma com que é narrada faz com que nada seja previsível e tudo seja inesperado. Ao final o leitor terá um paradoxo para resolver em seu intelecto: seriam mãe e filha culpadas por defenderem sua liberdade ou a vida as inocentou de uma culpa que já havia sido expiada durante longos anos de sofrimento?

REFERÊNCIA LITERÁRIA
Título:   Ratos
Autoria: Gordon Reece
Editora: Intrínseca
Ano:      2011
Local:    Rio de Janeiro
Gênero: Thriller | Suspense | Drama

terça-feira, 5 de julho de 2016

Carrie, a estranha (Stephen King)

            Stephen King é considerado pela crítica como um dos mais emblemáticos autores do gênero de terror. Muitos de seus títulos foram adaptados para o cinema em produções de sucesso. Carrie, a estranha é uma dessas adaptações que, para além de impressionar os telespectadores com suas cenas de suspense, convida a refletir sobre um fato preocupante que acontece principalmente entre os jovens.
            Carrietta White vivia com a mãe na cidade de Chamberlain. Estudava na Ewen High School e constantemente sofria bulling devido a suas estranhas maneiras em lidar com os colegas. Era tímida, recatada e muito contida, sem nenhum colega a quem pudesse realmente chamar de amigo. Contudo, seu comportamento introvertido devia-se a dois fatores: sua mãe, Margaret White, que era uma fanática religiosa exacerbada e reprimia a filha visando afastá-la de qualquer ato pecaminoso; um estranho poder que ela possuía, cientificamente chamado telecinesia, o qual a permitia mover objetos ou modificá-los pela força da mente. Tal fenômeno eventualmente era confundido com a atividade de poltergeists (espíritos brincalhões) e a mãe de Carrie tratava tal fenômeno como uma manifestação demoníaca, de forma que sua filha era constantemente vigiada e privada da maioria das atividades de uma adolescente comum.
            A obra inicia com um episódio chave no evento catastrófico do final. Após uma aula de natação, Carrie fora se banhar no vestiário quando percebeu o corrimento de seu sangue menstrual. Aos 16 anos de idade e como sua mãe jamais lhe falara daquilo, a garota ficara completamente apavorada e implorara por socorro a suas colegas, pensando que estivesse morrendo de hemorragia. No entanto, as companheiras de classe a zoam e atiram-lhe absorventes em meio a uma onda de ridicularizações. Somente a presença da professora Srta. Desjardin fora capaz de afugentar as colegas e acalmar Carrie, ainda que, daquele dia em diante, a onda de ataques de bulling tornar-se-ia ainda mais agressiva.
            Com o passar do tempo, aproximava-se o Baile da Primavera. Carrie fora convidada por um colega de turma, Tommy Ross para ser seu par naquela noite. Longe de ser um desejo espontâneo de Tommy, a atitude fora incentivada por sua própria namorada – Susan Snell – visando uma forma de expiar a culpa que carregava pelo episódio do vestiário. Por outro lado, outra colega de Carrie cujo pai advogado ameaçara levar a escola na justiça por manter aquela aluna estranha no colégio, decidira forjar uma brincadeira de mau gosto na tão aguardada noite do baile. Junto com seu namorado Billy, Christine e alguns colegas recolheram um balde de sangue de porcos e construíram uma armadilha no local onde o casal mais bonito naquele ano iria se sentar. O resultado não é outro senão a eleição de Carrie e Tommy e, ao ser banhada pelo sangue, Carrie revive toda a decepção do engano que o convite de Tommy representava, enquanto uma multidão se acaba em risadas. A mágoa de Carrie logo se converte em fúria e todo o seu poder telecinético é incontrolavelmente liberado. A noite de 27 de maio de 1979 entra para a história de Chamberlain como o episódio em que mais de 400 pessoas foram terrivelmente mortas, a maioria estudantes da Ewen High Scholl, além da quase total destruição da cidade que dormira no fogo.
            A narração da história não segue uma sequência linear. O texto possui várias inserções de fatos posteriores em que se destacam entrevistas, um dossiê de investigação do Caso Carrie White, partes dos livros The Shadow Exploded e My Name Is Susan Snell. A temática, longe de apresentar uma trama de terror, reflete o tema do bulling quando não recebe a devida atenção por parte dos educadores. Teria Carrie agido de forma criminosa ou unicamente reagido sem medir suas forças a um ataque massivo e covarde? O poder telecinético de Carrie poderia ser comparado à outras psicoses que tantos jovens hoje em dia possuem e que não recebem o cuidado necessário a fim de evitar potenciais serial killers. Reflexões à parte, Carrie, a estranha é um material interessante para a discussão sobre como o bulling é tratado e combatido nos diversos círculos sociais e principalmente nos ambientes estudantis onde é mais comum.

REFERÊNCIA LITERÁRIA
Título:      Carrie
Subtítulo: a estranha
Autoria:    Stephen King
Editora:    Objetiva
Ano:         2013
Local:       Rio de Janeiro
Gênero:    Terror | Bullyng

Confira o trailer da adaptação para o cinema lançada em 2013: