sábado, 29 de junho de 2013

O Ladrão de Raios (Rick Riordan)



            A mitologia está repleta de histórias de deuses e herois que narram contos surpreendentes de um passado mítico. Na série Percy Jackson e os Olimpianos o autor busca trazer algumas dessas figuras emblemáticas para um contexto de modernidade. O resultado disso é uma história curiosa e instigante, capaz de divertir e envolver o leitor em sua trama.
            Percy Jackson é um garoto de 12 anos que vivia junto com sua mãe Sally e o repugnante padrasto Gabe. Percy era tido como um aluno problemático e dificilmente se adaptava às escolas, principalmente por causa de sua dislexia e Transtorno de Déficit de Atenção. Além do mais, o passado desconhecido à respeito de seu pai, alimentava a natureza rebelde de Percy. Não bastasse isso, alguns acontecimentos viriam a despertar mais ainda a natureza controversa do garoto.
            Durante uma visita de sua classe a um museu, fatos estranhos intrigaram o menino: sua professora de iniciação à Álgebra, Sra. Dodds, misteriosamente se transformara numa criatura de aparência diabólica e atacara Percy. O atentado poderia ter um desfecho trágico, não fosse a intervenção de seu professor Quíron. A partir de então, histórias inacreditáveis seriam contadas a Percy, desafiando sua coragem. Uma guerra estava prestes a acontecer. O raio mestre de Zeus havia sido roubado e o deus do Olimpo desconfiava ser o filho de Poseidon o autor do crime. Por sinal, Percy era esse filho e sua tarefa mais nobre seria provar sua inocência perante os olimpianos. Para isso, deveria se dirigir ao Acampamento Meio-sangue, onde contaria com a ajuda do amigo sátiro (bode) Grover Underwood e de Annabeth Chase. A missão não tinha percurso nem diretrizes claramente definidas. A única certeza era em relação ao tempo, já que o raio mestre deveria ser encontrado e devolvido a seu dono até o solstício de verão. Caso contrário, uma batalha mítica épica poderia estourar, trazendo graves consequências não só para semideuses, como também para os humanos.
            No caminho de Percy, Grover e Annabeth, os inimigos seriam vários: um minotauro, um cão infernal, a temível Medusa, a Equidna e a quimera, além das terríveis Fúrias. Não sendo suficiente, os garotos ainda teriam de desvendar a charada de onde estaria o raio e se livrarem de tentações sedutoras como as apresentadas no Cassino Lótus. A Percy fora dada somente uma arma: a espada Anaklusmos (ou Contracorrente). Porém, sua maior defesa seria desvendar pouco a pouco os mistérios de seu passado e se lançar rumo ao seu objetivo.
            Se há uma palavra que define a trama de O Ladrão de Raios essa é variedade. A diversidade de personagens e figuras mitológicas apresentadas, os vários cenários e diferentes contextos nos quais se dá a aventura despertam para a riqueza com que o autor adorna a saga. Isto traz uma vantagem importante, de tornar a narrativa muito atraente e nem um pouco enfadonha ou monótona. Contudo, é necessário estar atento a cada detalhe, pois a revelação final do verdadeiro ladrão do raio mestre será capaz de surpreender ao leitor que se deixou envolver pela história.

RIORDAN, Rick. O Ladrão de Raios. 3ª ed.. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2010. 256 pgs. Série Percy Jackson e os Olimpianos. Vol. I

Confira o trailer da adaptação para o cinema lançada em 2010:
 
 

sábado, 15 de junho de 2013

A Proteção do Sagrado (Anselm Grün)


            No mundo contemporâneo a concepção do Sagrado adquiriu novos matizes de acordo com as influências culturais da sociedade. No entanto, tal concepção não é algo em falta ou em crise, mas sim um valor que teve os referenciais modificados com o passar dos anos. Atualmente, a concepção do Sagrado não remete necessariamente ao território religioso, mas a uma ideia ou forma de perceber alguma coisa que faz dessa uma entidade dotada de certa aura de santidade. No fundo, tal aura encontra seu fim diretamente em Deus, como a entidade suprema e detentora de todos os mistérios, o Santo por excelência.
            Partindo desse conceito, Anselm Grün busca analisar as diversas concepções do Sagrado na sociedade contemporânea. As raízes etimológicas para palavra provém da sabedoria grega e remetem a três significados: hagnos, ou o sentimento do temor e da veneração religiosos; hagios, segundo o qual Deus é santo em sua essência e também é santa a sua relação com o ser humano; hieros, que designa os locais sagrados onde são executados os rituais de adoração. Além desse entendimento, a cultura romana define o sagrado como Sancise, ou seja, aquilo que é separado, delimitado, distinguido por ser imbuído de um poder sacro. O que é oposto a isso é Profanus, ou seja, o que não é sagrado e está fora do seu território.
            Nossa vida está repleta de lugares sagrados. Esses não precisam ser necessariamente locais onde se pratica o culto religioso mas podem abarcar um horizonte bem mais abrangente. O lugar sagrado é o espaço onde se pode sentir e fazer contato com a transcendência. É o local que favorece a perfeita sintonia do eu com o Totalmente Outro numa dimensão que se evade da mera experiência cotidiana. Em virtude disso, são lugares que merecem o devido respeito pela maneira de se comportar, a fim de não romper o tênue fio da relação como o numinoso. Um templo, o ambiente do lar, o silêncio do quarto podem tornar-se espaços privilegiados de meditação.
            Sagrado também é o tempo, cada vez mais submetido à ditadura  de sua escassez. Neste tópico, como adepto do cristianismo e, mas especificamente do catolicismo, Grün ressalta de forma especial o domingo como um dia que deve ser respeitado e distinto frente aos demais. Deve ser um tempo para se permiti repousar da lida diária, tornando-o qualitativo por um contato com a dimensão espiritual que perpassa nosso ser.
            Enfim, o indivíduo que reconhece a importância do sagrado em sua existência, o traduz também em suas ações. Isto explica porque grandes personalidades da história moderna são admirados por serem grandes guias espirituais, líderes ou pessoas que deixaram marcas inesquecíveis, transmitidas de gerações em gerações. Aqui vale destacar também a importância dos valores de certa forma sacralizados. A disseminação desses produz o bem estar não só do indivíduo, como da sociedade como um todo. Dessa forma, a reunião de pessoas em torno de um mesmo ideal é fonte de transformação do mundo.
            A obra de Anselm Grün nos leva a questionar e nomear nossos próprios referenciais do sagrado: um objeto, um local, uma pessoa, um modo de vida, um valor. Tudo isso possui traços marcantes da forma como cada um concebe a transcendência dentro de si. Além do mais, Grün alerta para a necessidade da Igreja renovar sua pregação missionária, sendo sábia em adaptar a proclamação de sua mensagem salvífica à forma das pessoas entenderem o sagrado no mundo de hoje. O importante nisso tudo é despertá-las para o sentimento de proteção que o sagrado exerce sobre quem dele se acerca. Afinal, nenhum ser humano é capaz de exercer plenamente sua liberdade, sem estar consciente da fonte criativa de onde ela brota.

GRÜN, Anselm. A Proteção do Sagrado. Petrópolis: Vozes, 2003. 102 pgs.

sábado, 1 de junho de 2013

O Senhor dos Aneis: as duas torres (J. R. R. Tolkien)



       A obra em questão traz a continuidade da história iniciada em O Senhor dos Aneis: a sociedade do anel. É o prolongamento de uma narrativa que se torna cada vez mais emocionante, na disputa pelos Aneis de Poder da Terra Média. Uma disputa que se apresenta cada vez mais acirrada e perigosa, prenunciando o início de uma guerra devastadora.
        A Comitiva do Anel havia se dispersado após o ataque feito pelos Uruk-hai, que resultara na morte de Boromir. Capturados, os hobbits Merry (Meriadoc) e Pippin (Peregrin) haviam conseguido se libertar da temíveis criaturas e, em sua fuga sem direção, encontraram Barbárvore. Este era um ent, criaturas muitos antigas semelhantes a árvores, habitantes da floresta de Fangorn, que possuem uma força extraordinária e gostam de contar longas histórias. Comunicado pelos hobbits sobre a iminente guerra e sobre o poder de Saruman, ele e os demais reuniram-se em conselho no entebate e decidiram se preparar para a batalha.
        Na busca por encontrarem novamente os hobbits e, principalmente o Portador do Anel, Aragorn, Legolas e Gimli reencontram Gandalf, que fora dado como morto e agora regressara como o "Cavaleiro Branco". Os quatro se dirigem para as terras dos Cavaleiros de Rohan, onde Théoden, o rei do Palácio Dourado, e Éomer, um servo, juntam-se a eles e partem para a guerra. Antes porém, Gandalf é presenteado com o belo cavalo Scadufax. Ao se aproximarem do Forte da Trombeta, no abismo de Helm, os cavaleiros e o exército de Théoden sofrem o primeiro ataque em massa de orcs e homens. Durante a batalha, tornam-se vencedores graças à ajuda dos Ents e Horns convocados por Gandalf. No entanto, o poder de Saruman aliado ao de seu senhor, Sauron, envolvia a Terra Média. A potência de sua torre em Orthanc (Isengard) e a de Sauron em Minas Morgul (Mordor) anunciava tempos de aflição e desespero a todos os povos. Além do mais, a presença de Grima Língua de Cobra, conselheiro do rei Théoden e, ao mesmo tempo, espião e servidor de Saruman, o deixava ciente das pretensões que os membros da comitiva alimentavam. Enfurecidos pelas malícias de Saruman, os Ents e Horns, comandados por Barbárvore, atacam Isengard e a deixam completamente submersa. Merry e Pippin estavam com eles e, pouco tempo depois, a comitiva do rei se encontraria com os hobbits.
O Um Anel
        Em outro plano, Frodo (portador do Anel) e Sam tentavam reencontrar o caminho que os conduziria ao término de sua missão. Perdidos nas montanhas Emyn Muil, foram surpreendidos pela figura de Sméagol (Gollum) os seguindo. Dessa forma, capturaram a horrenda criatura e a obrigaram a conduzi-los até a Montanha da Perdição de Mordor, onde o Um Anel fora forjado e deveria ser destruído. Sméagol não era confiável, já que possuíra o "precioso" por um tempo e gastava sua vida tentando novamente capturá-lo. Todavia, era o único que conhecia os melhores atalhos em Mordor, evitando despertar a atenção dos orcs. Já nos arredores das terras de Mordor, a dupla de hobbits se encontraria com Faramir, guardião das terras de Gondor e irmão do falecido Boromir que, mesmo tendo conhecimento do poder que o anel poderia lhe dar e desejoso de levá-lo para seu pai Denethor, rei de Gondor, os auxiliaria e instruiria nos rumos que sua missão deveria tomar.
        A destreza de Sauron fazia-o sentir que o cobiçado anel estava cada vez mais próximo. Os exércitos de orcs, cavaleiros negros e nazgûl estavam ávidos por guerra e derramamento de sangue para cumprirem definitivamente os desígnios de seu senhor. Com isso, o marco inicial da guerra fora definido quando Pippin arriscara a missão da comitiva ao olhar dentro de uma das palantíri, pedras-videntes de Númenor, revelando-se a Sauron. Enquanto isso, Sméagol armaria uma emboscada para conduzir Frodo e Sam às garras do terrível monstro Laracna, e novamente recuperar seu precioso. O cumprimento da missão se mostrava cada vez mais difícil e improvável a cada passo que davam.
        Assim como se tornou um dos best-sellers mundiais, esta segunda parte da aventura dos hobbits também conquistou a crítica nas telas do cinema. O enredo foi adaptado em uma superprodução que faturou dois Oscar. Uma aventura realmente envolvente e curiosa, pela riqueza dos detalhes com que o autor enriquece a saga dos pequenos hobbits. Assim, é inevitável ao leitor que topa o desafio de desbravar suas páginas, a curiosidade por conhecer o desfecho da história trazido pela última parte deste grande clássico da literatura contemporânea.


TOLKIEN, J. R. R.. O Senhor dos Aneis: as duas torres. São Paulo: Martins Fontes, 1999. 2ª ed. 364 pgs.

Confira o trailer da adaptação para o cinema lançada em 2002: