sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Diablo III - A Ordem (Nate Kenyon)

         Esse livro é outro título que embasa a sequência de um dos maiores jogos digitais de todos os tempos. Por si, o título já evoca o nome da história horripilante que há de vir. Uma história da luta dos homens contra os poderes do inferno, cujo destino encontrava-se nas mãoes de um idoso, detentor de conhecimentos há muito tempo esquecidos nas folhas de um pergaminho.  
         Deckard Cain era o último membro vivo da Ordem Horádrica, uma espécie de seita conhecedora dos poderes malignos que ameaçavam a paz de Santuário. Debilitado pelos anos, Deckard havia perdido sua esposa e filho na luta contra o demônio Belial, Senhor da Mentira, e queria livrar o mundo do iminente ataque das forças do mal. Para isso, precisava trilhar caminhos nada seguros e desvendar os enigmas da profecia sagrada.
         Durante sua marcha, Cain chega à cidade de Caldeum, onde encontra uma mulher chamada Gillian e uma garotinha de nome Léa. Gillian era a mãe de criação de Léa, que perdera sua mãe biológica, Adria, durante um ataque de Cevadores (humanos possuídos por demônios, que serviam às forças do mal). Gillian presenciara o poder sobrenatural de Léa por diversas vezes, o que a fazia anunciar o fim iminente da humanidade pela invasão de demônios. Por causa disso, a vizinhança de Caldeum a julgava como uma mulher louca. Contudo, Deckard sabia que o Sombrio precisava de Léa para completar seus desígnios, de forma que era seu dever protegê-la. O Sombrio fora um membro dos Primeiros horádricos, chamado Garreth Rau. Entretanto, as forças dos Males Inferiores o corromperam, pondo-o a serviço de Belial.
         Após um incidente que culminara na morte de Gillian, mesmo ciente dos riscos, Cain decide levar Léa consigo. A eles se junta Mikulov, um monge que fugira do monastério para se aliar a Cain no cumprimento de sua missão. Unidos, deveriam ir a Kurast, também conhecida como “Portões do Inferno”, um reduto de ladrões, criminosos, pestes e doenças, não recomendado para crianças.
         Em Kurast, o trio deveria encontrar Hyland, que poderia dar informações sobre o paradeiro da Ordem Horádrica. Porém, as armadilhas no caminho eram muitas. Já na estrada, Lord Brand, que estava a serviço do Errante Sombrio, armara uma emboscada para aprisionar Cain e Léa com magia negra, quando lhes ofereceu pousada. Estava cada vez mais próximo o mês de Ratham, o dia em que os mortos se ergueriam para atacar Santuário. A corrida contra o tempo era cada vez mais acirrada e Deckard Cain usaria todas as suas débeis forças para encontrar os estudiosos horádricos de Géa Kul e por em prática o derradeiro plano para livrar o mundo da dominação do mal.
         Quem tomar nas mãos esse livro encontrará uma narrativa carregada de suspense. O clima é literalmente muito pesado, frio e sombrio, como se um poder do além se ocultasse nas entrelinhas. Até mesmo as descrições dos sonhos de Cain demonstram seu espírito inteiramente perturbado pelas trevas prenunciadas. Isso lhe dá ainda mais consciência da responsabilidade de sua missão, de maneira que a toma como seu último propósito de vida. Vida esta que, mesmo senil e debilitada pelo peso dos anos, adquire amor paternal, duramente rompido pela ação do Senhor da Mentira. A missão era arriscada, principalmente por evocar forças desconhecidas, mas a garra e determinação do último horadrim o levaria a entregar tudo, desde que fosse pelo gesto mais heroico de toda a sua existência.

 REFERÊNCIA LITERÁRIA
Título:       Diablo III
Subtítulo:  a Ordem
Autoria:     Nate Kenyon
Editora:     Galera Record
Ano:          2012
Local:        Rio de Janeiro
Edição:      
Série:        Diablo - Vol. I
Gênero:     Terror | Aventura | Suspense
Confira um trecho do jogo produzido pela Blizzard Entertainment que inspirou o livro:

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Sombras de Julho (Carlos Herculano Lopes)



            Uma das melhores obras do escritor brasileiro Carlos Herculano Lopes, esse livro tornou-se merecedor do prêmio de melhor romance da V Bienal Nestlé de Literatura Brasileira (1990). Também foi encenado nas telas do cinema (1995), em um longa metragem dramático e emocionante, rodado em 16mm e posteriormente editado para a televisão.
            Uma palavra resume o clima da narrativa desse livro: drama. Do início ao fim, o que temos é o relato pesado de uma história triste de vingança, com uma aura de melancolia e pesar de causar compaixão. Tudo acontece devido a um conflito entre latifundiários pela posse de terras no município de Ingaí, em Minas Gerais, às margens do Rio Tanguari. Fábio e Jaime eram dois amigos de infância que, repentinamente tem a amizade cortada pela dureza de um assassinato, quando Fábio estava indo a cavalo nas terras do pai do amigo – Joel – a fim de chegarem a um acordo sobre a demarcação das terras. Contudo, Joel e o capanga Alcides armam uma emboscada para Fábio incitando Jaime a atirar contra ele, sem permitir-lhe dar nem mesmo a última palavra.  Feita a execução, os três fogem, sabe-se lá para onde.
            A cena anterior é o ponto de partida para todo o desdobramento da história, que é contada, ora pelo próprio narrador, ora na voz dos próprios personagens. A descrição do corpo de Fábio, seu velório, o pesar que caíra sobre seus familiares e o clima de desamparo e angústia que fora instalado nos corações de sua mãe e seu pai é comovente. O mesmo acontece com as reflexões tecidas a respeito da reação da mãe de Jaime, os pensamentos de seu pai e o peso na consciência do próprio jovem. Como a família de Jaime era rica, seu pai corrompe os investigadores e as testemunhas, a fim de que forjem uma história que incrimine a vítima e inocente Jaime, deixando para Arlindo a responsabilidade pela execução, por ter agido em legítima defesa. Esse acontecimento destroi ainda mais as esperanças da família de Fábio, principalmente sua mãe, Dona Helena, que caí em depressão profunda.
             A riqueza maior da obra de Carlos Herculano, talvez seja o mergulho na análise psicológica de cada componente do cenário dramático. Joel, por exemplo, era dominado por forte ciúme de Jaime, que era muito amado por sua mãe Ione. Com isso, o pai decide envolver o filho mais novo no assassinato, visando também separá-lo de sua mãe. Por outro lado, abusos sofridos durante sua infância, justificam a postura valente do pai frente aos fatos, bem como a violência e frieza com que agia em tantos momentos de sua vida. Jaime, torna-se o rapaz que perdeu a própria identidade ao ser coagido a realizar uma tarefa que, por si, jamais teria feito. O fruto de tamanha covardia é a sombra de Fábio a perseguir-lhe por toda a vida. Por outro lado, Horácio, pai de Fábio, diante dos fatos fatídicos da execução e do suborno das testemunhas, é lançado em culpa por ter levado a família para morar em um ambiente tão hostil, restando-lhe como válvula de escape o alcoolismo. Helena, mãe de Fábio, movida pela sede de vingança cria imagens de que o filho voltará a qualquer momento, de forma que seus familiares decidem interná-la em um manicômio, já que não sabiam lidar com tamanha loucura.
            A densidade da narrativa de Carlos Herculano é carregada e muito forte. O autor usa de uma linguagem coloquial estilizada e muito eficaz em comunicar a crueza dos fatos frios que são narrados. O tema da justiça é como que algo fruto de uma gestação interrompida pelas quantias que são oferecidas às testemunhas para que atestem a inocência dos verdadeiros culpados. A mescla entre narração em terceira pessoa, discurso indireto livre e monólogo interior em uma multiplicidade de vozes, confere um estilo diferencial e perfeitamente acoplado ao corpo do texto, de forma que o leitor não se perde e sim se localiza melhor nos verdadeiros sentimentos de cada personagem. O narrador dirige-se até mesmo ao próprio Fábio, na condição de morto, em discursos solenes, como aqueles que são feitos para homenagear grandes figuras. Entretanto, longe de exaltar a nobreza de caráter, a homenagem aqui é negra e deprimente, beirando o arrependimento por seu último ato de diplomacia desencadear tamanha dor e destruição para seus familiares.

 REFERÊNCIA LITERÁRIA
Título:    Sombras de Julho
Autoria:  Carlos Herculano Lopes
Editora:  Atual
Ano:       1994
Local:     São Paulo
Edição:   3ª
Gênero:  Drama

sábado, 8 de agosto de 2015

O Ladrão de Raios (Robert Venditti / Attila Futaki / José Villarrubia)



            A série criada por Rick Riordan em Percy Jackson e os Olimpianos ganhou uma nova mídia com essa adaptação gráfica de seu primeiro livro. O enredo é basicamente o mesmo, porém com as mudanças necessárias para que o romance gráfico transmita o essencial da história, sem perder suas peculiaridades entre imagem/texto.
            Percy Jackson é um garoto de doze anos cuja vida estudantil era bastante irregular, uma vez que suas confusões faziam com que sempre necessitasse ser transferido de escola. Contudo, nem sempre era ele a origem do problema, mas as consequências lhe eram sempre atribuídas. Sua dislexia e transtorno de déficit de atenção contribuíam para que se envolvesse em situações constrangedoras. Durante uma excursão, em uma visita a um museu, alguns fatos levam-no a descobrir o porquê de muitas situações embaraçosas que já enfrentara. O mundo dos mitos gregos mostrar-se-ia tão atual a ponto de poder modificar o curso da história moderna.
            Percy Jackson era o filho que o deus grego Poseidon havia gerado com sua mãe. Desse modo ele era considerado meio deus e meio homem, ou meio-sangue, como era costume serem chamados os filhos gerados da união entre mortais e imortais. Porém, o raio mestre de Zeus havia sido roubado e as suspeitas recaiam somente sobre o filho de Poseidon, Percy Jackson. Os deuses estavam em grande conflito, ao ponto de ameaçar a paz entre os próprios mortais. Somente a recuperação do raio mestre e o desvendamento do sumiço poderiam acalmar os ânimos no Olimpo, evitando um conflito de proporções inimagináveis.
            Embora julgado como o principal agente do caso, na verdade Percy era a maior vítima. Isso porque não sabia nada do que se tratava aquele impasse, desconhecendo até mesmo sua própria origem como um meio-sangue. Seu professor de história, Quíron (que no mundo mitológico era um centauro), era também seu protetor. Um de seus colegas, Grover (que no mundo mitológico era um sátiro), também estava matriculado como um estudante para que protegesse Percy dos perigos que lhe cercavam. Quando a situação não pôde mais ser ocultada, fora-lhe revelada toda a verdade sobre sua condição e posição no mundo mitológico, e ele fora levado ao Acampamento Meio-sangue, onde viviam e eram treinados todos os filhos de deuses. Lá conheceria Anabeth, que também o ajudaria na dura missão de provar sua inocência.
            Analisando mais a iniciativa de adaptar o texto original para uma mídia em quadrinhos do que a própria história em si, pode-se concluir que o roteiro de Robert Venditti teve seu mérito ao enfatizar os principais aspectos do enredo, sem ignorar os detalhes que são relevantes para que a história não perca sua autenticidade. No entanto, para o leitor que já leu o livro original, o inicio dessa graphic novel talvez soe um pouco estranho, já que os fatos acontecem de modo muito corriqueiro, como se o próprio Percy Jackson já conhecesse bastante sobre sua condição de semideus. Tal estranheza é notável principalmente no episódio de sua luta com o Minotauro, o qual é transmitida como se tivesse sido um sonho.
Os personagens desenhados por Attila Futaki, nada possuem de parecido com os atores que estrelaram a primeira adaptação cinematográfica da obra. Contudo, isso é um aspecto positivo, já que o objetivo da graphic novel é ilustrar o enredo original e não o filme. Caso contrário, seria muito mais uma “cópia da cópia” distanciando ainda mais o elo entre autor original e os coautores do mesmo personagem. O acabamento do livro é fino e elegante, com pequenos capítulos que permitem uma leitura fluente e nada cansativa. Contudo, talvez o trabalho do colorista José Villarrubia pudesse dar tons mais vibrantes às imagens, transmitindo-lhes maior brilho e, consequentemente, maior adrenalina aos acontecimentos. Digamos que uma graphic novel conserva a responsabilidade de transmitir o mais próximo possível aquilo que a imaginação do autor concebeu. Algumas exercem esse papel tão bem, que até mesmo conseguem ser melhores do que a obra original. Não é o que acontece com O Ladrão de Raios: graphic novel, onde de forma alguma substitui a leitura do texto original escrito por Rick Riordan e este continua sendo a melhor referência para quem deseje conhecer o universo dos Olimpianos.

REFERÊNCIA LITERÁRIA
Título:       Ladrão de Raios, O
Subtítulo:  graphic novel
Autoria:     Robert Venditti / Attila Futaki / José Villarrubia
Editora:     Intrínseca
Ano:          2011
Local:        Rio de Janeiro
Edição:     
Série:        Percy Jackson e os Olimpianos: graphic novel - Vol I
Gênero:     Aventura

Confira o trailer da filme lançado em 2010: