quarta-feira, 29 de julho de 2015

A Morte de Ivan Ilitch (Leon Tolstoi)



            Lançada em 1886, essa obra é um ícone em toda a produção de Tolstoi e também um texto riquíssimo sobre a maior das certezas humanas: a morte. Consequentemente, esse pensar sobre o fim de tudo, move a pensar sobre o significado da própria vida, permitindo uma reflexão sobre aquilo que cada um faz com o lapso de existência que lhe é dado neste mundo.
            O cenário do início do livro é o próprio velório de Ivan Ilitch, um funcionário público, em que seus amigos prestam condolências à viúva, como também discutem outros assuntos não muito apropriados para a austeridade do momento. Já nesse episódio, Tolstoi trabalha o tema da fugacidade da morte do ponto de vista daqueles que ficam, de forma que, em sua maior parte, a perda de alguém leva muito mais a uma reflexão sobre como aquela ausência irá afetar seus interesses. Seus companheiros de tribunal, logo ao saberem do trágico acontecimento, tiveram como preocupação primordial quem iria substituir o colega e quais as chances cada um teria de ocupar seu lugar. Por outro lado, para a esposa de Ivan, Praskóvia Fiódorovna, a preocupação inicial é com relação a quanto ganharia de pensão. É uma reflexão egoísta que a presença do morto no esquife suscita nas pessoas que foram mais diretamente ligadas a Ivan em vida.
            A maior parte do texto é dedicada à narração novelizada da vida de Ivan Ilitch. Após formar-se na faculdade de Direito, o protagonista iniciou uma carreira promissora que lhe garantiu status social e honorários significativos no setor público, chegando ao cargo de juiz. Ivan Ilitch se casou com Praskóvia e este fato merece uma observação importante para compreendermos melhor sua personalidade: enquanto Praskóvia casa-se com ele por amor, Ivan preocupava-se essencialmente com o próprio bem-estar (traduzido pela beleza e pelas posses da mulher). Contudo, ao se aventurar na vivência a dois, ele viria a concluir que a vida matrimonial ameaçava suas pretensões de crescer sempre mais na vida profissional. E assim, seguia na rotina de trabalho e família, adornada ainda mais com a chegada dos filhos.
            O episódio que lança Ivan sob o jugo da doença ocorre supostamente quando ele leva uma queda, aparentemente sem consequências graves, durante uma arrumação em sua nova casa. Meses depois, Ivan começa a sentir dores que vão se intensificando e, aquilo que parecia de cura rápida e fácil, por fim revela-se como uma doença grave que lhe faz definhar pouco a pouco. Consciente de seu estado crítico, Ivan percebe que sua vida pregressa na verdade resultou em uma busca efêmera e sem muito significado, envolta em uma frágil película de imagem social. Toda a burguesia e pompa de que viveu rodeado não passara de mera aparência. Até mesmo as conversas com o médico lhe fazem constatar que a medicina tornou-se algo materialista e desprovido da humanização que lhe devia ser característica. O convívio com a esposa e a filha soa como algo também mascarado por aparências, uma vez que, em sua visão, elas pareciam distanciá-lo e esconder-lhe a realidade, como se sua doença não fosse grave e a cura uma simples questão de tempo. Somente seu empregado Guérassim, na medida em que o amparava nos momentos de maior agonia e dor, parece-lhe ser o mais autêntico e verdadeiro naquele suplício infindável.
            As reflexões que Ivan faz em seu leito, principalmente quando já não consegue desempenhar satisfatoriamente suas atividades, colocam-no em um conflito paradoxal. Se por um lado seu desejo de continuar vivendo é imenso, por outro a morte lhe parece um alívio mais doloroso, porém reconfortante. Afinal, de que adiantaria viver após descobrir um mundo repleto de disfarces, em que as pessoas pouco importam com aqueles que são seus semelhantes? A obra é também uma crítica às futilidades da vida burguesa, às quais servem somente para distanciar do verdadeiro sentido da vida. Não seria exagerado dizer que esse livro é uma leitura obrigatória a ser recomendada a todos aqueles demasiadamente apegados ao prestígio, sucesso e fama deste mundo.

REFERÊNCIA LITERÁRIA
Título:       Morte de Ivan Ilitch, A
Autoria:     Leon Tolstoi
Editora:     Lacerda
Ano:          1997
Local:        Rio de Janeiro
Edição:      1ª
Gênero:     Filosofia | Drama

domingo, 19 de julho de 2015

Diários do Vampiro: o despertar (Lisa J. Smith)



            Esse livro é o primeiro de quatro volumes que introduzem a série Diários do Vampiro. Publicado originalmente em 1991, a série vem arrastando legiões de fãs de todas as partes do mundo e, tamanho sucesso, fez com que fosse adaptada para um seriado televisivo produzido pela Bonanza Pictures.
            Na cidade de Fell´s Church, no estado de Virgínia (EUA), Elena Gilbert vive sua vida marcada pela popularidade no colégio e a companhia dos amigos Bonnie McCullough (melhor amiga), Meredith Sulez (destaque por sua sagacidade), Matt Honeycutt (ex-namorado de Elena) e Caroline (que invejava o sucesso de Elena e veio a se tornar sua rival). Era uma garota como qualquer outra, com todas as características que marcam a vida das adolescentes norte-americanas. O mesmo se dá quando chega à escola um novo aluno, Stefan Salvatore, que faz com que a garota se encante com seus traços marcantes e fique perdidamente apaixonada por ele. Mesmo com grande resistência de Stefan no início, o sentimento é correspondido e os dois iniciam um relacionamento.
            Poderia ser mais um casalzinho de namorados feliz e comum se não fossem as descobertas que Elena faz de Stefan. O grande segredo que o fazia ser um cara tão misterioso era o fato de ele ter nascido a centenas de anos e ser um vampiro. Não bastasse isso, outra figura surge em cena, aparentemente com intenções não muito amistosas em relação a Stefan. O estranho, na verdade, era seu próprio irmão mais velho, Damon Salvatore, e uma rixa tremenda os dividia. No passado, à época da Itália Renascentista, Stefan e Damon haviam se apaixonado pela mesma mulher: Katherine Von Swartzschild, que era uma vampira. Perdida nesse triângulo amoroso por não poder conciliar seu amor aos dois, a jovem suicidara, levando os irmãos a um ódio crescente. Os dois brigam e matam um ao outro, mas voltam como vampiros. Após séculos de acontecimentos obscuros, novamente se encontram em Fell´s Church, envoltos na mesma disputa, agora por Elena, que se assemelhava bastante ao amor perdido.
            Com a chegada de Stefan, uma onda de assassinatos misteriosos passa a assombrar a pequena cidadezinha. A população desconfia que o estranho jovem tenha alguma ligação com os fatos e Damon favorece para que todos pensem mal a respeito de seu irmão. Isso se dava por Damon ser um vampiro que se alimentava de sangue humano, enquanto Stefan tinha outras fontes de nutrição. Elena acredita indubitavelmente na inocência de Stefan e está disposta a tudo para protegê-lo das calúnias e difamações que lhe dirigiam. Estava lançada a sorte para definir qual dos dois irmãos sairia vencedor nessa disputa amorosa.
            Mesmo dando uma noção geral de qual será a espinha dorsal da série, esse primeiro livro apresenta um conteúdo simplesmente introdutório, sem muitos acontecimentos empolgantes, fazendo jus ao seu título: o despertar de uma trama. O desenvolvimento da narrativa aguça um final surpreendente, mas que não se concretiza de fato, deixando uma brecha para a continuação em um segundo volume. Um destaque para os diários de Helena e Stefan alternados, que ajudam a compreender melhor a interioridade de cada personagem e quebram a narrativa em terceira pessoa, dando voz aos próprios personagens. O enredo lembra bastante o best-seller de Stephanie Meyer, Crepúsculo, sendo que o estilo individual de cada escritora é bastante diferente, no que diz respeito à riqueza de descrições, adjetivação, etc.. 
REFERÊNCIA LITERÁRIA
Título:       Diários do Vampiro
Subtítulo:  o despertar
Autoria:     Lisa J. Smith
Editora:     Galera Record
Ano:          2009
Local:        Rio de Janeiro
Edição:      1ª
Série:        Diários do Vampiro - Livro I
Gênero:     Vampiros | Suspense

Confira o trailer da série lançada em 2009:


quinta-feira, 9 de julho de 2015

Muerte en Valencia (Loreto de Miguel // Alba Santos)


            Na capital espanhola, o detetive Pepe Rey vive sua rotina de trabalho no escritório que, por vezes, tornava-se monótona e enfadonha. Pepe vivia sozinho, já que estava separado de sua mulher, que levara consigo os dois filhos, assegurando a Pepe vê-los somente nos fins de semana. Sua solidão era ainda mais intensa por constantemente ouvir as aventuras amorosas vividas por sua secretária Susi.
            Em um fim de semana, Pepe decide ir ao cinema para se distrair e, ao término do filme, passa pelo café Comercial para tomar algo. Uma garota que também fora ao cinema lhe chama a atenção e, logo, logo, os dois iniciam um diálogo. Seu nome é Belén e trabalhava como professora de filosofia. Belén morava em Valência e estava em Madri visitando os pais. Pepe lhe passa seu contato do escritório e, dias depois, Belén o convida a ir a Valência, pois aconteceria a grande festa espanhola de Las Fallas. Para Pepe, era uma grande oportunidade de conhecê-la melhor, já que ficara encantado desde o primeiro encontro. Ainda mais porque a festa cairia em um feriado prolongado, permitindo-lhe tempo suficiente para aproveitar.
            No dia dezoito de março, Pepe parte rumo a Valência, onde se encontra com Belén e seus amigos Gloria, Javier e Eduardo. Juntos, aproveitam aquilo que de melhor a cidade tem a oferecer em termos de turismo. Contudo, durante a festa, um estranho incidente ocorre: um jovem é assassinado exatamente diante de Belén, deixando em todos um certo clima de suspense. Além do mais, ele era um dos atores da companhia de teatro que Belén fazia parte. O inspetor de polícia Mariano Romerales assume a investigação do caso mas, frente a insistência de Pepe, condede-lhe participação nas averiguações. As pistas não eram muito claras e não tão fáceis de encontrar, mas apontariam diretamente para um suposto caso de ciúmes envolvendo um homossexual. A aventura emocional de Pepe se transformaria em uma nova saga investigativa de seu trabalho.
            Muerte en Valencia é uma obra simples e sintética, destinada a ser um suplemento no aprendizado do espanhol, para alunos iniciantes. O enredo é envolvente e dinâmico, prendendo a atenção do leitor no desejo de desvendar as nuances do caso do jovem assassinado. Somado a isso, essa edição conta com notas explicativas em quatro idiomas, as quais esclarecem e enriquecem a respeito dos lugares onde se passa a trama, nomes dos personagens, festas culturais e costumes. Com isso, a obra se torna um suplemento interessante e divertido para o aprendizado.

REFERÊNCIA LITERÁRIA
Título:     Muerte en Valencia
Autoria:   Loreto de Miguel / Alba Santos
Editora:   Edelsa Grupo Didascalia
Ano:        1996
Local:      Madrid
Edição:    1ª (texto em espanhol)
Gênero:   Policial | Suspense | Didático