sábado, 18 de fevereiro de 2012

A Peste (Albert Camus)

peste, a          Albert Camus nasceu em novembro de 1913 na província de Constantina, em Mondovi, na Argélia, e morreu em janeiro de 1960 num acidente de automóvel ao regressar a Paris. Devido a dificuldades financeiras para custear seus estudos da faculdade, Camus trabalhou como vendedor de automóveis, meteorologista, empregado em um escritório, dentre outros. Licenciou-se em Filosofia, mas uma doença impediu-o de levar adiante sua carreira como professor. Juntamente com O Estrangeiro, a obra A Peste é considerada uma das obras-primas do autor.
          O romance de Camus vem somar à grande riqueza de reflexões sobre a condição humana, tão aprofundada pela humanidade. Em virtude disso, podemos classificá-lo como tendo um alto teor antropológico, já que aborda com vigor, a crise da existência de uma população ameaçada de ser consumida pelos terrores do que nomeou como a peste.
          O espaço no qual se dão os acontecimentos é a cidade de Orão, em 194.... A cidade que era tranqüila para se viver e amar, quase o cenário perfeito de um paraíso moderno, de repente vê-se invadida por um vasto número de ratos mortos, com sintomas similares. Era o prenúncio de um pesadelo. Rapidamente começa a crescer o número de pessoas acometidas por febre alta, dor de cabeça, inflamação dos gânglios e delírios, cuja morte se dava em 48 horas. O pânico se espalha com as centenas de mortes por semana, cada vez mais crescente, anunciada pelos jornais. O estado de calamidade faz com que o prefeito decrete o fechamento das portas da cidade, impedindo a saída de qualquer um e o regresso dos que nela chegavam. Tal separação figura o que o narrador dos acontecimentos denomina como um estado de abstração.
          Diante do pânico vivido pela população o médico Bernard Rieux busca dar uma explicação à luz da ciência e da medicina. Outros julgam a infestação como proveniente de uma questão sanitária. Já o padre Paneloux, insiste como sendo um castigo divino pelos pecados cometidos pelo povo e, portanto, um mal necessário para que façam um exame de consciência, visando uma mudança de vida.
          Opiniões à parte, aqueles que apresentavam os sintomas da peste eram encaminhados para o isolamento em hospitais, escolas e estádios. O risco de contaminação e o imenso número de vítimas faziam com que o sepultamento ocorresse às pressas, sem que os finados recebessem um digno cortejo fúnebre. Enquanto isso, a equipe médica e especialmente o Dr. Castel se aplicavam à pesquisa de um antídoto para a doença. O Dr. Rieux é o grande protagonista da história, junto a seus amigos Rambert, Tarrou, Grand, Cottard e outros. Como narrador onisciente, vive todos os acontecimentos, exercendo seu papel invadido pelos sentimentos mistos de compaixão e amizade, especialmente visíveis na recordação de sua falecida esposa e, mais tarde, na morte de Tarrou, já no fim do trágico morticídio da doença.
          A Peste é uma reflexão da aceitação do destino humano em sua sujeição a sua natureza de ser mortal. No contexto dramático dos acontecimentos, realça o valor do amor, cuja necessidade é especialmente evidenciada na separação que os habitantes viveram, ao verem-se isolados do resto do mundo pela doença. Assim, a questão humanista é diretamente abordada por Camus, como se a vida fosse uma teia de frágeis relações, mas com uma carga de sentido e significado que a transcende. Nesse aspecto se inseria a esperança de cura, a que chamavam paz.
 
CAMUS, Albert. A Peste. Lisboa: Edição Livros do Brasil, [s.d.]. 336 pgs.
 
Confira o trailer da adaptação para o cinema lançada em 1992:

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