sábado, 31 de dezembro de 2011

A Conspiração Franciscana (John Sack)

          John Sack nasceu em 1938 em Ohio, EUA, e formou-se em Língua Inglesa pela Universidade de Yale. Quando jovem, ficou por dois anos sob a tutela do renomado monge trapista Thomas Merton em um mosteiro no Kentucky. Trabalhou como redator nas áreas da computação e astrofísica, onde escreveu vários livros técnicos. Uma outra obra sua, The Wolf in Winter (O lobo no inverno) conta a história de São Francisco de Assis durante a mocidade. Em A Conspiração Franciscana, John Sack aborda a vida adulta do santo sob o panorama de um grande segredo que fora ocultado pelos seus seguidores.
          Em março de 1230, Capitanio di Codimezzo, que doara a terra para a construção da Basílica de São Francisco de Assis; Angelo, irmão do santo; Simone della Rocca, cavaleiro guardião da cidade; Giancarlo di Margherita, prefeito de Assis; e Frei Elias di Bonbarone, que cuidara do sepultamento de Francisco, formaram a Compari della Tomba, a Fraternidade da Tumba. Juntos esconderam os restos mortais de São Francisco, sob pena de morte para quem revelar o local ou que viesse a descobri-lo mais tarde.
          No ano de 1271 o eremita Conrad da Offida recebe a estranha visita de um noviço identificado como Fabiano, mas que logo descobre sua verdadeira identidade feminina, cujo nome era Amata. Esta era uma menina órfã, que trazia em si os sinais de uma história machucada pelo assassinato dos pais e pelo abuso sexual por parte de seu tio Bonifazio, bispo de Todi. Ela trazia uma carta de Frei Leo, o último da geração dos que haviam convivido com São Francisco, e que morrera há pouco tempo. Apesar de aparentemente não conter nenhuma mensagem interessante, a carta era urgente. Uma frase o incomodara mais: "[...] descubra a verdade das legendas". Diante desse mistério, decide ir a Assis investigar o conteúdo da carta, acompanhado de Amata, mesmo que contrariado. No caminho, junta-se a eles Jacopo dei Benedetti (Jacopone), um penitente público interiormente arrasado pela morte da mulher Vanna, filha do tio de Amata, Guido di Capitanio, com quem tivera uma filha, Teresina.
          Em sua jornada, Conrad enfrenta vários desafios, dentre eles as dificuldades provenientes da rivalidade entre as duas facções da ordem franciscana: os Conventuais, que viviam a doutrina de São Francisco de uma maneira mais flexível; e os Espirituais, observadores estritos dos costumes do santo, principalmente com relação à pobreza. Conrad fazia parte do segundo grupo. Em um outro plano, a Igreja vivia um clima de eleição papal, em que fora escolhido para o trono de Pedro, o papa Tebaldo Visconti di Piacenza, sob o nome de Gregório X, antigo legado apostólico do papa em Acre, na Terra Santa. Em suas viagens, acompanhava o papa Orfeo Bernardone, um marinheiro parente dos homens que assassinaram a família de Amata.
          Amata e Conrad tornam-se grandes amigos. No entanto, quando seus caminhos se bifurcam, Conrad é preso e Amata amparada por uma senhora de idade, Dona Giacoma dei Settisoli, viúva originária de Roma, pertencente à aristocracia. Ao falecer, Giacoma deixa sua herança para Amata, que havia se vingado de alguns dos assassinos de seus pais, mas se apaixonara por Orfeo, com quem se casa mais tarde. A liberdade de Conrad e a preservação do manuscrito de Frei Leo tornam-se seus maiores planos.
          Na mesma cela de Conrad, estava Frei Giovanni da Parma, que havia sido preso por acreditar nas ideias de Frei Gerardino, segundo as quais o nascimento de São Francisco marcaria a segunda vinda de Cristo. Com ele, Conrad aprende várias coisas sobre o mistério do aparecimento dos estigmas no santo. Dois anos depois, o eremita é solto mediante o perdão do papa e decide ir cumprir um voto, morando em um leprosário. Entre os crucigeri descobre a essência da verdade de Leo que a Igreja tentava ocultar sobre o Francesco Lebbroso.
          A Conspiração Franciscana é uma história com várias outras histórias paralelas que se cruzam e conectam. Isso explica a diversidade de personagens. Sob o pano de fundo da busca de Conrad, encontramos também o caminho de remissão do passado feito por Amata. Assim, o clima de suspense e aventura se mescla com a emoção. Algumas partes são tocantes como o relato de Amata sobre seu complexo de culpa e a despedida de Conrad à amiga Rosanna, com a mútua confissão do amor que surgira na infância, o futuro separara e o tempo nunca destruíra. Desta forma, a obra de Sack desafia o leitor a memorizar os detalhes que são muitos, à medida em que são apresentados novos personagens. Uma ficção rica e bem construída que, pelo seu paralelo com a história real, serve como fonte de pesquisa para os que conhecem e não conhecem São Francisco de Assis.
 
SACK, John R.. A Conspiração Franciscana. Rio de Janeiro: Sextante, 2007. 440 pgs.

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