terça-feira, 22 de novembro de 2016

Divergente (Veronica Roth)

            Esse livro, que inicia a trilogia de mesmo nome, possui um contexto muito parecido com aquele que serviu para a construção de obras como Jogos Vorazes e The Maze Runner. Isso se dá em virtude de abordar sociedades pós-apocalipse, com novas regras, além trazer a temática do confronto juvenil frente a autoridade dos adultos como primeiros definidores de seu destino. Assim como as obras citadas, Divergente também foi adaptado para o cinema, sendo que seus direitos foram adquiridos pela Summit Entertainment e o primeiro filme fora lançado em 2014.
            O mundo fora destruído por uma guerra e o que restou dele vivia em uma sociedade futurista dividida em cinco facções, agrupando seus indivíduos conforme seus traços de personalidade mais marcantes: 1ª) Erudição: para os inteligentes, que amam a lógica; 2ª) Amizade: adeptos da colaboração e ajuda mútua; 3ª) Franqueza: os quais prezam a honestidade e a ordem; 4ª) Audácia: para os que exercem atividades de polícia e proteção; 5ª) Abnegação: cujos valores altruístas eram postos acima de tudo. Além desses, existia ainda o grupo dos Sem-facção, reservado àqueles que não se enquadravam em nenhum dos grupos anteriores. Não obstante, ser um Sem-facção era algo vergonhoso, uma vez que evidenciava a carência de habilidades humanas úteis à sociedade.
            A designação dos membros para uma ou outra das facções era feita por meio de um Teste de Aptidão. Nesse método desenvolvido pelos fundadores da sociedade, ao atingir determinada idade as pessoas passavam por uma cerimônia de escolha e deviam ser enquadradas em uma facção, conforme as características de sua personalidade. Isso visava garantir a paz e evitar conflitos. E é justamente num desses testes que a história começa, quando a personagem principal Beatrice (Tris) faria sua escolha. Filha de membros da Abnegação, ela sonhava em fazer parte da Audácia. Contudo, uma descoberta antes da cerimônia perturbaria ainda mais as pretensões de Tris: ela era uma divergente. Isso significava que ela tinha as características necessárias para ser parte de várias facções. Longe de ser uma rara virtude, ser um divergente era, na verdade, uma ameaça, uma vez que aqueles que não se encaixassem em uma única facção poderiam ser manipulados, ameaçando gravemente a ordem estabelecida. Mesmo a contragosto de sua família, Tris segue a ordem de seu coração e opta pela Audácia.
            Na Audácia, Tris é iniciada por um rapaz chamado Quatro (Tobias), incrivelmente misterioso. Mesmo parecendo hostil a princípio, com o tempo surgiria certo romance entre os dois. Entrar para a Audácia não significava definitivamente ser da Audácia, uma vez que os iniciantes seriam testados duramente e somente uma pequena parte se tornaria membro efetivo, sendo os demais marginalizados à temível categoria dos Sem-facção. Os testes consistiam em avaliações físicas, mentais e emocionais, sendo os candidatos submetidos a situações reais que os desafiavam até mesmo em relação à própria sobrevivência. Triz faz amigos como Cristiana, Albert e Will, mas também cria uma rixa com Peter, Drew e Molly.
            Passar no rito da Audácia já era um desafio suficiente. Contudo, nos bastidores uma conspiração vinha sendo tramada por membros da Erudição e da Audácia: assumir o Conselho Governamental e destruir as facções que fossem contrárias a seus intentos, inaugurando assim uma nova ordem ditatorial. Para isso, utilizariam um soro nos membros da Audácia, o qual induziria a uma simulação e faria com que eles se tornassem soldados armados para atacarem a sede da Abnegação. Como era a facção de origem de Tris, seus valores protecionistas para com sua família a levariam a arriscar-se na busca por protegê-los de uma carnificina.
            Como literatura juvenil, os conflitos vivenciados por adolescentes se mesclam à temática do livro, dando-lhe maior sucesso principalmente entre esse público. Temas como coragem, destino, aceitabilidade, família, sucesso e amizade são facilmente visíveis na narrativa. Sob um ponto de vista sociológico, a comunidade pós-apocalíptica é pobre de valores: como seria viver em uma sociedade cujo futuro de seus membros seria pré-determinado, condicionado aos seus traços de personalidade, como se umas poucas características fossem capazes de determinar o todo de um ser humano? Mais absurdo ainda, como aceitar que semelhante destino é o fator de equilíbrio social? Além do mais, a existência dos Sem-facção denota uma sociedade discriminadora, uma vez que aqueles que não se enquadrassem em nenhum de seus grupos sociais, eram marginalizados a viverem à deriva. O motim provocado pelos membros da Erudição e da Audácia prova que classificar o ser humano unicamente por seus valores não é suficiente para anular seus recônditos mais perversos e obscuros.

REFERÊNCIA LITERÁRIA
Título:   Divergente
Autoria: Veronica Roth
Editora: Rocco Jovens Leitores
Ano:      2012
Local:    Rio de Janeiro
Série:    Trilogia Divergente - Livro I
Gênero: Ficção científica | Aventura

Confira o trailer da adaptação para o cinema lançada em 2014:


Nenhum comentário:

Postar um comentário