quarta-feira, 15 de junho de 2016

A Revolta de Atlas (v.1) (Ayn Rand)

            Esse livro inaugura uma trilogia cuidadosamente construída. A obra ganhou uma adaptação para o cinema em 2011.
            A economia mundial estava em crise, principalmente no setor industrial, não só por questões econômicas, como também políticas. Nos Estados Unidos, setores como o de linhas ferroviárias ressurgem como alternativas mais econômicas para o transporte de mercadorias em um país arrasado. Nesse contexto, a Companhia Taggart Transcontinental torna-se a empresa do ramo que melhor se sustenta em um cenário avassalador para a classe empresária. Tal companhia tinha à sua frente ninguém menos do que os irmãos Dagny e James Taggart, sendo que a primeira era a principal articuladora dos empreendimentos.
Não bastasse o cenário de crise em que o monopólio de algumas empresas vinha ocasionando o colapso de outras, Dagny Taggart estava à frente de um projeto ousado e inovador: construir uma extensa linha férrea denominada Linha Rio Norte utilizando um metal cuja qualidade ainda era vista com ressalvas pelos principais setores do ramo. O metal Rearden era produzido pela Siderúrgica Rearden, presidida pelo visionário Hank Rearden. Fruto de 10 anos de pesquisa e um investimento de mais de 1 milhão e meio de dólares, o metal Rearden era tido como um produto de baixo custo e mais resistente do que o metal comumente utilizado. Contudo, a ciência não havia provado sua eficácia para sustentar grandes composições nos trilhos e o governo trabalhava para que aquela tecnologia não fosse empregada sem os devidos testes. Por recomendação do Instituto Científico Nacional, o metal Rearden fora desqualificado sob a alegação de que não era seguro. No entanto, tal parecer tinha interesses muito mais econômicos já que o governo temia o monopólio da empresa de Rearden, colocando-o em um paradoxo: se o metal não era bom, isso constituiria em um perigo físico para o público; ser era bom, constituiria em um perigo social, pois dominaria o mercado, impulsionando ainda mais a avalanche de empresas que iriam à falência.
Nesse confronto, fora editada a Lei de Igualdade de Oportunidades, a qual visava limitar os negócios dos grandes empresários a apenas um negócio, a fim de evitar a monopolização do mercado.
Em meio a essa trama empresarial Ayn Rand envolve também as tramas emocionais que os personagens vivem, bem como relata os antepassados que levaram pessoas comuns a se tornarem grandes líderes do mundo dos negócios como o ricaço Francisco d´Anconia que enriquerecera às custas dos pesados trabalhos nas Minas de San Sebástian no México.
Na Taggart Transcontinental, o irmão de Dagny fora extremamente relutante com a nova tecnologia e contrário à sua aplicação, uma vez que poderia significar a ruína do negócio herdado de seus pais. Diante dessa recusa, Dagny decide fundar a própria companhia utilizando capitais oriundos de outros segmentos que acreditavam no potencial daquele empreendimento. A nova empresa fora batizada como Linha John Galt, fazendo alusão a um dizer que era a sensação do momento em toda a imprensa, mas aparentemente sem uma explicação clara quanto a sua origem: “Quem é John Galt?”. Talvez, utilizando uma estratégia de marketing, o sucesso do empreendimento promovido pela Linha John Galt e do Metal Rearden viria dar uma resposta a essa questão, no episódio que mundialmente ficou conhecido como “a segunda Renascença”, dada sua ousadia e inovação em um período tão crítico da economia norte-americana.
O triunfo da Linha Rio Norte levara Hank Rearden e Dagny Taggart a uma amizade extra corporativa. Em um passeio comemorativo tiveram conhecimento de um equipamento desenvolvido pela 20th Century Motor Corporation que era um motor que usava vácuo atmosférico para criar eletricidade estática. Tratava-se de um projeto visionário que poderia revolucionar ainda mais o setor industrial. Como a empresa viera à falência os dois iniciam uma verdadeira saga em busca dos projetistas daquele equipamento promissor. Era a oportunidade que faltava para que a dupla novamente mostrasse seu poder de ascensão, desbancando toda uma corja de pessimistas instalados no governo e nas grandes corporações.
Embora a narrativa de Ayn Rand se mostre bastante extensa e descritiva, a trama não se perde em meio às palavras que usa para a descrição dos personagens e situações.  A história em si nada tem de simplista e é muito bem construída de forma a entrelaçar pessoas fatos e acontecimentos além de criar um clima de expectativa no leitor, principalmente quanto ao resultado do empreendimento de Dagny e Rearden. Enfim, trata-se de uma história cujo fim em aberto clama pela continuidade no desfecho dos próximos dois volumes da trilogia.

REFERÊNCIA LITERÁRIA
Título:    Revolta de Atlas, A
Autoria: Ayn Rand
Editora: Sextante
Ano:      2010
Local:    Rio de Janeiro
Série:    Revolta de Atlas, A - Vol. I
Gênero: Drama

Confira o trailer da adaptação para o cinema lançada em 2011:

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