sábado, 2 de fevereiro de 2013

O Parque dos Dinossauros (Michael Crichton)



              Poucos autores são capazes de criar um enredo de ficção científica com elementos tão reais, que deixam no leitor uma certa curiosidade cética acerca da (im)possibilidade da materialização de uma história semelhante. Em O Parque dos Dinossauros, Michael Crichton consegue essa façanha, com refinada maestria, justificando o porquê a obra se tornou um sucesso digno da pomposa adaptação para o cinema produzida pelo ilustre diretor Steven Spielberg.
            A trama se inicia com o episódio do ataque de um suposto lagarto Basiliscus amoratus a uma criança numa praia da Costa Rica, o que trouxe um alerta aos pesquisadores da área. Mais tarde, descobrir-se-ia que, na verdade tratava-se de um procompsognathus, uma espécie de dinossauro, extinta a milhões de anos. Os paleontólogos Alan Grant e Ellie Sattler haviam sido convidados a esclarecerem o caso do incidente, visto que tinham um amplo conhecimento sobre dinossauros. Nesse contexto, são apresentados ao Sr. John Alfred Hammond, o qual lhes faria um convite, no mínimo, inusitado.
            Hammond era o fundador da International Genetic (InGen), uma empresa especializada em pesquisas de engenharia genética, que havia comprado a ilha de Isla Nublar, na Costa Rica, a fim de aplicar seus experimentos. A ideia matriz da InGen era transformar a ilha numa reserva biológica onde seriam criados animais jurássicos extintos, obtidos a partir da manipulação genética do DNA do sangue extraído de mosquitos fossilizados em âmbar (seiva de árvore). Mais tarde, o empreendimento seria aberto à visitação turística, inaugurando uma ideia inovadora e revolucionária no turismo ecológico. O escopo principal de tal empreitada, para além da pesquisa genética, era o lucro, já que representava um Parque Ecológico Jurássico inédito na história da humanidade. Donald Genaro era o advogado e conselheiro geral da InGen, que ajudara Hammond na fundação da companhia, atraindo investidores para as pesquisas e o projeto da ilha. Assim, John Hammond convida seu advogado, o casal de paleontólogos e Ian Malcolm para uma visita de fim de semana ao parque. Esse último era um matemático, que aprendera a fazer a ponte entre o mundo teórico e o mundo real. No que diz respeito à ilha jurássica, afirmava veementemente a teoria de que sistemas complexos não podem ser controlados (Teoria do Caos) e a natureza não pode ser imitada.
            O maior deleite de Hammond era que o parque impressionasse principalmente as crianças e, portanto, levara também seus netos Tim e Alexis para que integrassem a comitiva. No entanto, o que era para ser um passeio fantástico de observação de animais pré-históricos, tornar-se-ia uma viagem tenebrosa graças a uma conspiração.
            Denis Nedry havia trabalhado na programação do sistema do parque. Visando roubar fetos de dinossauros para comercializá-los, Nedry desligara a força do gerador principal, iniciando uma catástrofe. Com isso, as cercas de alta tensão e os sensores de movimento haviam sido desativados, expondo os visitantes aos temíveis ataques dos dinossauros, que agora transitariam livremente pelo parque. Dentre todos, os mais temidos eram os abomináveis Tiranossauros Rex e os sagazes Velociraptores, capazes de exterminarem a todos num único ataque. Não bastasse a necessidade desesperada de salvar a própria vida, era preciso também correr contra o tempo, na tentativa de que um barco que partira da ilha para Puntarenas, e que havia sido invadido por dinossauros, fosse avisado antes de chegar à costa, evitando pois um ataque continental e a disseminação do pânico pela revelação da novidade. A sobrevivência era uma questão primordial e o veterinário Harding e o gerenciador do sistema de controle John Arnold eram peças-chave para que a força fosse novamente religada e o parque controlado. Porém, a dimensão da destruição causada pelos animais, mostrar-se-ia como uma catástrofe nunca antes imaginada por qualquer ser humano.
            A obra de Michael Crichton suscita no leitor um clima de adrenalina e suspense, desde o início. Não é só a ferocidade das criaturas jurássicas que alimenta o terror, como também a atmosfera de insegurança, presente principalmente quando Alan Grant descobre um grande equívoco dos cientistas do parque. Inicialmente, acreditava-se que os dinossauros não pudessem se reproduzir, já que eram todos fêmeas. Grant constataria que a origem evolucionária dos mesmos como anfíbios, provava que isso não era verdade e que o controle do parque não era tão eficiente quanto parecia. Outras curiosidades teóricas que enriquecem o lado científico da obra, são a tese de que os dinossauros são mais parecidos com as aves do que com os répteis e a Teoria do caos, tão defendida por Ian Malcolm, postulando o comportamento imprevisível de sistemas complexos.
            Enfim, O Parque dos Dinossauros representa um talismã do que há de melhor na ficção científica literária.

CRICHTON, Michael. O Parque dos Dinossauros. São Paulo: Best Seller: Círculo do Livro, [1992?]. 3ª ed.. 474 pgs.

               Confira o trailer da adaptação para o cinema lançada em 1993:

 

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