sábado, 17 de novembro de 2012

Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor? (Allan Pease & Barbara Pease)



          Os autores dessa obra são especialistas em pesquisas das diferenças comportamentais entre homens e mulheres. Por isso, o que encontramos nela é uma abordagem divertida, que traz diversas situações das amenidades do dia-a-dia e, principalmente, a forma diferente como homens e mulheres encaram as mesmas. Os estudos são baseados em teses elaboradas em pesquisas de características comuns dominantes apresentadas pela maioria dos grupos estudados.
            O advento do século XXI trouxe consigo a quebra do paradigma dos papeis de homem e mulher definidos. Atividades antes desempenhadas somente por homens são agora exercidas com um toque sutil por mulheres, assim como atividades estritamente femininas ganham um capricho especial dos homens. Por outro lado, observa-se uma atitude conservadora no desempenho de certas funções. As raízes biológicas de um e outro, para os autores, justificam tal padrão.
            Nos primórdios de sua evolução, o homem sempre desempenhou o papel de caçador. Cabia-lhe a tarefa de trazer o sustento para a companheira e a cria, bem como lhes garantir proteção. Com isso, desenvolveu uma visão do tipo “túnel” e adaptou sua psique e reflexos para a caça. Além do mais, a observação e o silêncio eram fundamentais no abate da presa. Em outro plano, à mulher coube o papel de protetora. Sua tarefa era cuidar do lar, gerar e tratar da cria. Com isso, desenvolveu uma visão periférica ampla e detalhada, bem como adaptou sua psique, intuição e reflexos para a percepção detalhada do ambiente. Como interagia mais com as outras mulheres da tribo, desenvolveu melhor a habilidade de comunicação. Postas essas diferenças, o quadro abaixo sintetiza as características de um e outro:
Pensa alto
Fala sozinho
Discurso indireto
Discurso direto
Emocional
Literal
Fala muito
Ouve muito
Sugestiva
Objetivo
Prolixa
Lógico
            Duas situações ilustram as diferentes formas de um e outro encararem um mesmo fato: direção de um carro e compras em um shopping. Enquanto para a mulher dirigir significa deslocar de um ponto A para um ponto B sem transtornos, para o homem é ser capaz de trazer para o concreto uma projeção formulada em seu cérebro, que envolve desde a leitura de um mapa até a reação dos reflexos, dada a sua habilidade espacial desenvolvida. Tal habilidade remonta aos seus mais primitivos instintos de caça. Por outro lado, enquanto num passeio ao shopping o homem age com objetivos determinados (sabe o que quer, como quer e onde encontrar), a mulher encara isso como uma atividade lúdica (não se preocupa com o tempo, cansaço, custo, etc.).
            As diferenças revelam-se também no âmbito social. O homem busca poder e demonstração de força. Daí a justificativa para esconder seus sentimentos, fechando-se e calando. Para a mulher, ao contrário, verbalizar é uma forma de cooperação na solução de seus conflitos. Desse modo, enquanto ele é atraído pelo que vê, ela é atraída por aquilo que ouve. Compreender e conciliar essas diferenças é um fator preponderante para o cultivo de uma boa relação.
            Os autores analisam também a questão dos desvios sexuais de conduta. Para isso se fundamentam em pesquisas científicas que provam que o homossexualismo e o lesbianismo estão ligados à proporção de hormônio que o feto recebeu durante a vida uterina. Isso explica o fato de existirem pessoas biologicamente masculinas e psicologicamente femininas ou vice-versa. Por sua vez, a produção de tal hormônio relaciona-se à qualidade da gestação, principalmente à saúde física, mental e psíquica da mãe. Já a adolescência é a fase propícia para o desenvolvimento das tendências sexuais do/a menino/a devido à explosão hormonal que lhe é característica.
            Enfim, a pergunta-título da obra é respondida mais uma vez recorrendo à tese da evolução biológica. As mulheres se interessam mais pelo romance e pelo amor pois, como o sexo visa biologicamente a reprodução, para elas é importante levar em conta os fatores necessários e determinantes para o cuidado com a cria. Deste modo, uma relação monogâmica lhe seria mais benéfica, visto a necessidade de proteção. O cérebro masculino, ao contrário, é estruturalmente poligâmico pois, como bom perpetuador da espécie, o homem tende a cumprir seu objetivo principal: a reprodução. Daí uma das explicações para que os homens tenham maiores tendências promíscuas e as mulheres sejam tão atacadas pelo ciúme. O valor cultural do matrimônio é o que impõe restrições às tendências instintivas e permite que ambos busquem ser felizes vivendo um para o outro.


PEASE, Allan // PEASE, Barbara. Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor?: uma visão científica (e bem-humorada) de nossas diferenças. Rio de Janeiro: Sextante, 2000. 192 pgs.
 

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