sábado, 22 de setembro de 2012

O Jogador (Fiódor Dostoiévski)

jogador, o          Fiódor Mikhailovich Dostoiévski nasceu em Moscou no ano de 1821 e faleceu em São Petersburgo no ano de 1881. Quando era bem jovem ficou órfão de pai e mãe, o que influenciaria bastante em sua vida. Dostoievski estudou engenharia numa escola militar e teve contato com os livros dos grandes escritores de sua época. Em 1849 foi preso por participar de reuniões subversivas e condenado à morte. No entanto, no ato de execução da pena, um decreto de Nicolau I a comutou e ele passou nove anos preso na Sibéria. Sobre esse tempo, deixou relatos nas obras Recordações da Casa dos Mortos e Memórias do Subsolo. Epiléptico, atribuia suas crises a uma "experiência com Deus" e conservava certa religiosidade. Entre suas obras, além das já citadas, destacam-se Crime e Castigo, O Idiota, O Jogador, Os Demônios, O Eterno Marido e Os Irmãos Karamazov, sendo que esta última foi considerada pelo pai da psicanálise, Sigmund Freud, como o maior romance já escrito.
          Ditado para sua secretária, O Jogador nasce do pensamento de Dostoievski com fortes traços de sua própria biografia, uma vez que parte de sua vida foi gasta na compulsão pelos jogos de cassino. O personagem principal é o jovem Alexei Ivanovitch, o qual trabalhava em um hotel para um general. Aborrecido com a detestável cultura elitista, Alexei se tornara um jogador compulsivo, assíduo frequentador dos cassinos, mas com certa margem de segurança sobre até que ponto continuar apostando. Tudo havia começado quando a paixão por Polina Alexandrovna, enteada do general, o fizera apostar pela primeira vez. O amor da jovem tornara-se o objetivo principal de sua vida, mesmo que ela demonstrasse certo desprezo por sua pessoa.
          Paralelamente, o general vivenciava sua paixão por Mademoiselle Blanche, com quem pretendia se casar. A esperança do general era a grande herança que esperava receber com a morte da avó. No entanto, mesmo com as notícias de que ela se encontrava seriamente doente, todos foram surpreendidos quando Antonieda Vasilievna aparecera no hotel em perfeitas condições de saúde. Tendo conhecido o cassino na companhia de Alexei, Antonieda jogara irracionalmente, gastando até o total esgotamento de suas riquezas, dando um fim ao sonho do general, por quem demonstrava certa repugnância.
          Agraciado por outra sorte, Alexei Ivanovich lançara na roleta seus últimos florins e ganhara uma fortuna como nunca possuíra em vida. Encorajado por viver junto a Polina, sofrera a terrível decepção de ser rejeitado. Constrangido, decidira gastar tudo o que ganhara com Mademoiselle Blanche. Anos mais tarde, Alexei se encontrara com um velho amigo, Astley e recebera deste uma ajuda em dinheiro, juntamente com a notícia de que mesmo nunca tendo lhe manifestado às claras, Polina nutria por ele um grande amor. Diante desse impasse, Alexei depara-se com mais um conflito decisivo: empregar aquela quantia para ir ao encontro de sua amada ou apostar tudo na roleta na tentativa de multiplicá-la?
          Contornando o problema dos complexos da decisão humana, Dostoievski abarca toda a dimensão dos atos e escolhas por que somos orientados. A ruína do sonho do general, as aventuras de amor de Alexei para conquistar Polina e o desfecho inesperado dado à fortuna de Antonieda Vasilievna, montam o cenário de uma novela. Desta forma seu personagem resume com toda a profundidade o trágico dilema da vida de um jogador: viver do jogo, gastando tudo despreocupadamente para, no fim, voltar a jogar.
 
DOSTOIEVSKI, Fíodor. O Jogador. Lisboa: Editorial Verbo, [s.d.]. 190 pgs.

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