Stephen
King é considerado pela crítica como um dos mais emblemáticos autores do gênero
de terror. Muitos de seus títulos foram adaptados para o cinema em produções de
sucesso. Carrie, a estranha é uma
dessas adaptações que, para além de impressionar os telespectadores com suas
cenas de suspense, convida a refletir sobre um fato preocupante que acontece
principalmente entre os jovens.
Carrietta
White vivia com a mãe na cidade de Chamberlain. Estudava na Ewen High School e constantemente sofria
bulling devido a suas estranhas
maneiras em lidar com os colegas. Era tímida, recatada e muito contida, sem
nenhum colega a quem pudesse realmente chamar de amigo. Contudo, seu
comportamento introvertido devia-se a dois fatores: sua mãe, Margaret White,
que era uma fanática religiosa exacerbada e reprimia a filha visando afastá-la
de qualquer ato pecaminoso; um estranho poder que ela possuía, cientificamente
chamado telecinesia, o qual a permitia mover objetos ou modificá-los pela força
da mente. Tal fenômeno eventualmente era confundido com a atividade de poltergeists (espíritos brincalhões) e a
mãe de Carrie tratava tal fenômeno como uma manifestação demoníaca, de forma
que sua filha era constantemente vigiada e privada da maioria das atividades de
uma adolescente comum.
A
obra inicia com um episódio chave no evento catastrófico do final. Após uma
aula de natação, Carrie fora se banhar no vestiário quando percebeu o
corrimento de seu sangue menstrual. Aos 16 anos de idade e como sua mãe jamais
lhe falara daquilo, a garota ficara completamente apavorada e implorara por
socorro a suas colegas, pensando que estivesse morrendo de hemorragia. No
entanto, as companheiras de classe a zoam e atiram-lhe absorventes em meio a
uma onda de ridicularizações. Somente a presença da professora Srta. Desjardin
fora capaz de afugentar as colegas e acalmar Carrie, ainda que, daquele dia em
diante, a onda de ataques de bulling tornar-se-ia
ainda mais agressiva.
Com
o passar do tempo, aproximava-se o Baile da Primavera. Carrie fora convidada
por um colega de turma, Tommy Ross para ser seu par naquela noite. Longe de ser
um desejo espontâneo de Tommy, a atitude fora incentivada por sua própria
namorada – Susan Snell – visando uma forma de expiar a culpa que carregava pelo
episódio do vestiário. Por outro lado, outra colega de Carrie cujo pai advogado
ameaçara levar a escola na justiça por manter aquela aluna estranha no colégio,
decidira forjar uma brincadeira de mau gosto na tão aguardada noite do baile.
Junto com seu namorado Billy, Christine e alguns colegas recolheram um balde de
sangue de porcos e construíram uma armadilha no local onde o casal mais bonito
naquele ano iria se sentar. O resultado não é outro senão a eleição de Carrie e
Tommy e, ao ser banhada pelo sangue, Carrie revive toda a decepção do engano
que o convite de Tommy representava, enquanto uma multidão se acaba em risadas.
A mágoa de Carrie logo se converte em fúria e todo o seu poder telecinético é
incontrolavelmente liberado. A noite de 27 de maio de 1979 entra para a
história de Chamberlain como o episódio em que mais de 400 pessoas foram
terrivelmente mortas, a maioria estudantes da Ewen High Scholl, além da quase total destruição da cidade que
dormira no fogo.
A
narração da história não segue uma sequência linear. O texto possui várias
inserções de fatos posteriores em que se destacam entrevistas, um dossiê de
investigação do Caso Carrie White,
partes dos livros The Shadow Exploded
e My Name Is Susan Snell. A temática,
longe de apresentar uma trama de terror, reflete o tema do bulling quando não recebe a devida atenção por parte dos
educadores. Teria Carrie agido de forma criminosa ou unicamente reagido sem medir
suas forças a um ataque massivo e covarde? O poder telecinético de Carrie
poderia ser comparado à outras psicoses que tantos jovens hoje em dia possuem e
que não recebem o cuidado necessário a fim de evitar potenciais serial killers. Reflexões à parte, Carrie, a estranha é um material
interessante para a discussão sobre como o bulling
é tratado e combatido nos diversos círculos sociais e principalmente nos
ambientes estudantis onde é mais comum.
REFERÊNCIA
LITERÁRIA
Título: Carrie
Subtítulo: a estranha
Autoria: Stephen King
Editora: Objetiva
Ano: 2013
Local: Rio de Janeiro
Gênero: Terror | Bullyng
Confira o trailer da adaptação para o cinema lançada em 2013:
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