sábado, 4 de maio de 2013

A Abadia de Northanger (Jane Austen)



        Catherine Morland era uma jovem aristocrata que vivia no campo, na vila de Witshire, arredores de Fullerton. Acostumada à vida bucólica no campo, na companhia dos pais e de seus dez irmãos menores, Catherine tinha hábitos incomuns para as moças de sua época e não demonstrara grandes inclinações para os estudos. No entanto, a leitura de romances lhe era uma grande fonte de prazer, especialmente o romance gótico Os Mistérios de Udolpho, de Ann Radcliff que, no momento, deixava-a vislumbrada com a história. Como já contava com 17 anos e não havia encontrado ainda nenhum pretendente, fora enviada pelos pais a Bath, na companhia do senhor e da senhora Allen – proprietários de extensões de terras em Fullerton – que iriam cuidar de assuntos médicos. Sendo assim, os três partiram e se instalaram em Pulteney Street.

        Bath representou para Catherine o alargamento de uma visão de mundo limitada que o campo lhe dera. Os teatros, o vai e vem das carruagens, o estilo de vida aristocrático, davam-lhe uma noção da vastidão que era a cidade. Em um baile cujo senhor e senhora Allen foram convidados, Catherine se encantara com a elegância e polidez do jovem Henry Tilney, um clérigo de 26 anos, membro de uma família de renome de Gloucestershire. O contato breve faria Catherine sonhar com um segundo encontro com tão agradável pessoa.

        No Balneário de Bath, Catherine fizera alguns amigos, sendo a principal Isabella Thorne. Esta tinha um irmão, John Thorpe, que se encantara pela jovem e faria o possível para tornar-se seu pretendente. Isabella também se encantava pelo irmão de Catherine, James Morland, e os dois se prometeram noivar.

        Com o passar do tempo, as esperanças de Catherine se cumpriram e sucessivos encontros com Henry Tilney ocorreram. O pai dele, capitão Tilney, a convidara para conhecer uma de suas mais famosas propriedades em Northanger: uma antiga abadia. Catherine ficara estupefata com a oportunidade de se hospedar em uma residência que somente os romances lidos a faziam imaginar, mesmo sabendo que tais locais encerravam vários segredos e mistérios. Contudo, o maior segredo estaria por se revelar e traria consequências lamentáveis para a jovem. O Capitão guardava a sete chaves, a verdade sobre a morte de sua esposa e a curiosidade da filha Eleanor comprometeria a estadia de Catherine. Além do mais, Catherine receberia uma carta surpresa, revelando que Isabella abandonara seu irmão para relacionar-se com o irmão de Tilney e Eleanor, Frederick.

        Escrito em 1797 e 1798, A Abadia de Northanger foi publicada postumamente em 1817. Como uma história vitoriana, as circunstâncias da trama e das escolhas dos personagens fazem uma crítica à sociedade aristocrática, no que diz respeito aos seus valores serem pautados conforme suas posses. Consequentemente, o desfecho, a princípio trágico, mas posteriormente feliz de Catherine, deixa a dúvida sobre o que lhe foi mais benéfico: a recomendação da tirania paternal (no caso do rigor do Capitão Tilney) ou a recompensa da desobediência filial (no caso, de Henry Tilney). Desta forma, cabe ao leitor julgar por seu próprio juízo o caráter dos relacionamentos construídos por Catherine e a índole dos interesses envolvidos. Uma obra escrita no melhor estilo clássico inglês e refinada pelos costumes e modos da Inglaterra do século XVIII.

AUSTEN, Jane. A Abadia de Northanger – Northanger Abbey. São Paulo: Editora Landmark, 2009. 288 pgs. (edição bilíngue inglês-português)
  
Confira o trailer da adaptação para o cinema lançada em 2007:



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