Catherine Morland era uma jovem
aristocrata que vivia no campo, na vila de Witshire, arredores de Fullerton.
Acostumada à vida bucólica no campo, na companhia dos pais e de seus dez irmãos
menores, Catherine tinha hábitos incomuns para as moças de sua época e não
demonstrara grandes inclinações para os estudos. No entanto, a leitura de
romances lhe era uma grande fonte de prazer, especialmente o romance gótico Os Mistérios de Udolpho, de Ann Radcliff
que, no momento, deixava-a vislumbrada com a história. Como já contava com 17
anos e não havia encontrado ainda nenhum pretendente, fora enviada pelos pais a
Bath, na companhia do senhor e da senhora Allen – proprietários de extensões de
terras em Fullerton – que iriam cuidar de assuntos médicos. Sendo assim, os
três partiram e se instalaram em Pulteney Street.
Bath representou para Catherine o
alargamento de uma visão de mundo limitada que o campo lhe dera. Os teatros, o
vai e vem das carruagens, o estilo de vida aristocrático, davam-lhe uma noção
da vastidão que era a cidade. Em um baile cujo senhor e senhora Allen foram
convidados, Catherine se encantara com a elegância e polidez do jovem Henry
Tilney, um clérigo de 26 anos, membro de uma família de renome de
Gloucestershire. O contato breve faria Catherine sonhar com um segundo encontro
com tão agradável pessoa.
No Balneário de Bath, Catherine fizera
alguns amigos, sendo a principal Isabella Thorne. Esta tinha um irmão, John
Thorpe, que se encantara pela jovem e faria o possível para tornar-se seu
pretendente. Isabella também se encantava pelo irmão de Catherine, James
Morland, e os dois se prometeram noivar.
Com o passar do tempo, as esperanças de
Catherine se cumpriram e sucessivos encontros com Henry Tilney ocorreram. O pai
dele, capitão Tilney, a convidara para conhecer uma de suas mais famosas
propriedades em Northanger: uma antiga abadia. Catherine ficara estupefata com
a oportunidade de se hospedar em uma residência que somente os romances lidos a
faziam imaginar, mesmo sabendo que tais locais encerravam vários segredos e
mistérios. Contudo, o maior segredo estaria por se revelar e traria
consequências lamentáveis para a jovem. O Capitão guardava a sete chaves, a
verdade sobre a morte de sua esposa e a curiosidade da filha Eleanor
comprometeria a estadia de Catherine. Além do mais, Catherine receberia uma
carta surpresa, revelando que Isabella abandonara seu irmão para relacionar-se
com o irmão de Tilney e Eleanor, Frederick.
Escrito em 1797 e 1798, A Abadia de Northanger foi publicada
postumamente em 1817. Como uma história vitoriana, as circunstâncias da trama e
das escolhas dos personagens fazem uma crítica à sociedade aristocrática, no
que diz respeito aos seus valores serem pautados conforme suas posses. Consequentemente,
o desfecho, a princípio trágico, mas posteriormente feliz de Catherine, deixa a
dúvida sobre o que lhe foi mais benéfico: a recomendação da tirania paternal
(no caso do rigor do Capitão Tilney) ou a recompensa da desobediência filial
(no caso, de Henry Tilney). Desta forma, cabe ao leitor julgar por seu próprio
juízo o caráter dos relacionamentos construídos por Catherine e a índole dos
interesses envolvidos. Uma obra escrita no melhor estilo clássico inglês e
refinada pelos costumes e modos da Inglaterra do século XVIII.
AUSTEN, Jane. A Abadia de Northanger – Northanger Abbey. São Paulo: Editora Landmark, 2009. 288 pgs. (edição bilíngue inglês-português)
Confira o trailer da adaptação para o cinema lançada em 2007:
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