terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Os Pré-Socráticos (Mário José dos Santos)

pre-socraticos, os          A obra do prof. Mário José dos Santos apresenta uma síntese geral das idéias dos primeiros filósofos gregos que foram também os iniciadores do pensamento filosófico. Portanto, possui um conteúdo dirigido mais especificamente para aqueles que se interessam por Filosofia.
          Os filósofos pré-socráticos são denominados naturalistas pela sua preocupação com a phisis (natureza). Deste modo, o autor os inclui em dois grupos: monistas e pluralistas. Os primeiros são aqueles que estabeleceram como único o princípio de todas as coisas que existem, como o fizeram por exemplo os milésios Tales, Anaximandro, Anaxímenes e Heráclito de Éfeso, cujos princípios seriam a água, o ápeiron, o ar e o fogo-lógos, respectivamente. Ao outro grupo, dos pluralistas, pertencem aqueles filósofos que afirmaram como sendo múltiplo o princípio de todas as coisas. Neste contexto se inserem Empédocles de Agrigento (os elementos originários seriam terra, ar, fogo, água), Anaxágoras de Clazômenas (a gênese de tudo estaria nas raízes ou homeomerias) e os atomistas Leucipo de Eléia e Demócrito de Abdera (tudo teria origem nos átomos).
          Existe ainda o grupo dos pitagóricos, que afirmaram serem todas as coisas passíveis de relações matemáticas, e o filósofo Xenófanes de Colofon, o qual voltou seu pensamento mais para o aspecto religioso (mítico) do que para a questão da phisis em si.
          O filósofo Parmênides de Eléia contrariou o pensamento de Heráclito no que diz respeito ao ser e ao nada, e, pela primeira vez na história da Filosofia, faz algumas considerações no aspecto ontológico, ou seja, do ser enquanto ser. O mesmo fizeram seus discípulos Zenão de Eléia e Melisso de Samos.
          Finalmente, temos Diógenes de Apolônia, que constrói seu pensamento assimilando as idéias de seus precursores.
          Deste modo, a obra percorre pensamentos dos inauguradores da Filosofia ocidental, que oferecem não as respostas, mas os questionamentos (onde, como e por qual meio foram originadas todas as coisas que existem e para onde vão).Para as questões filosóficas levantadas, através de citações diretas ou indiretas dos fragmentos dos filósofos, o autor nos dá uma fonte segura que atesta a veracidade dos ditos.
          Por se tratar de um tema complexo e de difícil compreensão, o autor comente uma falha por não apresentar exemplos mais próximos à nossa realidade, o que facilitaria o entendimento por parte do leitor. Esta falta torna-se mais evidente devido ao fato da obra apresentar como objetivo, introduzir os iniciantes no estudo da Filosofia e na reflexão das complexas questões da mesma.
          Por outro lado, a organização estrutural da obra, dedicando um capítulo para cada pensador, facilita o estudo e a compreensão do pensamento de cada um. Além disso, no interior destes capítulos, a divisão do texto em uma breve introdução biográfica, seguida pela síntese das principais idéias do filósofo, localiza o leitor no contexto histórico do personagem em questão e permite fazer uma assimilação das idéias aos fatos.
          Interessante destacar também, a criatividade com que o autor explica temas difíceis com uma linguagem simples e objetiva.
          Em suma, com seu foco no pensamento grego, a obra apresenta-se como um ótimo mecanismo de iniciação à Filosofia, visando suscitar em filósofos ou não-filósofos o gosto pelo questionamento racional. Ao mesmo tempo, excita no leitor o interesse por percorrer os caminhos da História da Filosofia, de maneira provocativa e prazerosa.
 
REFERÊNCIA LITERÁRIA
Título:    Pré-socrátivos, Os
Autoria:  Mário José dos Santos
Editora:  UFJF
Ano:       2001
Local:     Juiz de Fora
Gênero:  Filosofia

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