sábado, 18 de agosto de 2012

A Metamorfose (Franz Kafka)

metamorfose, a          Franz Kafka nasceu em Praga (Áustria-Hungria, atual República Checa) no dia 3 de julho de 1883 de uma família de classe média judia, filho mais velho de Herrmann Kafka, um abastado comerciante judeu, e de sua esposa Julie, nascida Löwy. Depois dele, nasceram dois meninos, que morreram pouco tempo após o nascimento, fato que segundo alguns psicólogos especialistas na obra de Kafka, seria um fator determinante para o sentimento de culpa presente nos seus livros. O corpo de suas obras escritas (a maioria incompleta e publicada postumamente) destaca-se entre as mais influentes da literatura ocidental. Seu estilo literário presente em obras como a novela A Metamorfose (1915), e romances incluindo O Processo (1925) e O Castelo (1926) retratam indivíduos preocupados em um pesadelo de um mundo impessoal e burocrático. Kafka faleceu em Klosterneuburg no dia 3 de junho de 1924.
          Gregor Samsa, o protagonista de A Metamorfose, trabalhava como vendedor e levava uma vida tranqüila, inteiramente dedicada à profissão, junto a seus pais e sua irmã mais nova. Em uma manhã, ao despertar de súbito para mais um dia de trabalho, se percebe como tendo se transformado em um inseto gigantesco. Ao invés de desesperar-se diante da inesperada metamorfose, Gregor sente-se invadido pelas preocupações com a vida profissional. Tudo o que tinha a fazer era levantar e tentar compensar o atraso com o trem da próxima partida. No entanto, como se não lhe bastasse as dificuldades em lidar com os movimentos do próprio corpo, havia ainda a preocupação sobre como sua família e seu patrão reagiriam à transformação sofrida por ele. Diante do insistente pedido do pai para que saísse do quarto, já que até mesmo seu patrão o aguardava na sala, curioso pelo motivo de sua falta ao emprego, Gregor se apresenta causando o espanto de todos.
          A forma como a família de Gregor lida com sua metamorfose súbita, permite uma análise questionadora do fenômeno da rejeição. O enredo da história leva-nos a refletir sobre como uma criatura humana e consciente, que é relegada à natureza de um inseto, vê-se surpreendida por um colapso em seus mais estreitos laços afetivos, justamente no momento que mais necessita. Aqueles de quem se esperaria mais amor são os que mais o repugnam e o repelem em seu próprio ambiente, por serem incapazes de compreender a condição a que foi rebaixado. Um tênue fio de compaixão e amor liga seus pais e sua irmã a Gregor, mesmo que encoberto pelo sentimento de repulsa, devido a sua categoria como inseto. Como superariam seus preconceitos interiores a fim de possibilitarem a Gregor um tratamento digno, mesmo que metamorfoseado em uma criatura repugnante?
          Diante de toda a transparência e realidade com que os fatos são narrados, Kafka visa também levar o leitor a uma reflexão sobre, por exemplo, o que teria levado Gregor a transformar-se num inseto e como sairia dessa situação. Em virtude disso, o leitor é conduzido a questionar-se sobre o mecanismo de rejeição dominante numa sociedade que não dá espaço para a convivência entre homens e “insetos”, ou pelo menos a dificulta pela exclusão, quando não atende aos seus parâmetros de normalidade.
          Mesmo alimentando a esperança de um final feliz, o conto de Kafka é essencialmente dramático. A história chega até mesmo a parecer cômica em alguns aspectos, o que talvez alivie um pouco o peso da lição moral que encerra nas entrelinhas. Mas diante de todo o contexto, o que fica evidente são os dois pólos de um mesmo convívio: a família e o inseto gigante. A busca da reconciliação no elo que une o repugnante ao legitimamente humano é o grande segredo dessa aceitação acolhedora.
        A obra ganhou uma adaptação cinematográfica, produzida pelo diretor português Frederico Beja em 2008.

FAFKA, Franz. A Metamorfose. São Paulo: Nova Época Editorial, 1948. 88 pgs.

Confira o trailer da adaptação da obra lançada em 2008:

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