Inicialmente lançada em uma série de cinco
capítulos na revista All-Story Weekly
em 1919, a obra A Marca do Zorro inaugurou
a mundialmente aclamada série do super-heroi Zorro. Embora seu autor fosse de
origem canadense, o contexto histórico do personagem remonta ao período em que
a Califórnia era colônia espanhola, durante o século XIX. Desta forma, o Zorro
se transformou em um dos mais famosos heróis espanhóis de todos os tempos,
principalmente no cinema.
O povoado de Reina de Los Angeles
era um local até então tranquilo e em fraca expansão. Sua sociedade era
composta por nobres da aristocracia espanhola, índios nativos e frades que
prestavam assistência religiosa. Os militares, chefiados pelo sargento Pedro
Gonzales eram extremamente fieis ao governador que, para servir a seus
interesses, não se importava em explorar os nativos e pobres. Qualquer
manifestação contrária ao governador era duramente punida. Desta forma, o
poderio militar era fortemente assegurado, sendo subestimado apenas pelas
façanhas do audaz cavaleiro Zorro, popularmente conhecido como o “Terror de
Capistrano”. Embora sempre atuasse sozinho, os militares mentiam dizendo que o
Zorro era acompanhado por um bando de bandidos, a fim de parecer que ele era um
forte inimigo e ocultar-lhes a incompetência em prendê-lo. O maior objetivo do
sargento Gonzales era a captura do bandoleiro, visando obter o prestígio
popular, além de uma considerável recompensa oferecida pelo governador a quem o
entregasse vivo ou morto.
Dentre as famílias mais influentes
de Reina de Los Angeles estava a de Alejandro Vegas, um nobre cavalheiro muito
rico e respeitado pelo governador. Desejoso de que seu filho fosse merecedor de
sua herança, instigava-lhe constantemente a se casar com uma nobre senhorita.
Diego Vegas, famoso pelo cavalheirismo e polidez, no entanto, demonstrava um
comportamento pouco objetivo e nada amável em relação às mulheres, já que
queria desposá-las sem cortejá-las com serenatas e demonstrações de afeto.
Assim era com a senhorita Lolita, filha de Carlos Pulido e Dona Catalina
Pulido. Esse casal não gozava de prestígio pelo governador e via na união a
chance de recuperá-lo já que Dom Diego se engraçava de Lolita e desejava se
casar com ela. No entanto, desagradava a Lolita que ele fosse tão insensível na
arte da conquista. A ela encantava mais o romantismo demonstrado pelo Zorro,
mesmo que fosse reconhecidamente procurado como um bandoleiro e salteador de
estradas. Disputava com Diego, o capitão do presídio de Reina de Los Angeles,
Ramón, que viria a tornar-se seu maior inimigo.
A marca do Zorro |
O super-heroi descrito por McCulley
é o alter-ego de Dom Diego. Nessa dupla identidade é interessante perceber a
forma como o cavalheiro consegue ser ora um, ora outro, sem que ninguém perceba
que se trata da mesma pessoa. Enquanto Dom Diego é alguém contido, passivo e reservado,
o Zorro se mostra extremamente corajoso, destemido e vingativo. Essa dupla face
é mantida em segredo por toda a narrativa, não o sendo apenas para o criado de
Dom Diego, Bernardo, um jovem surdo-mudo. A ironia dessas revelações expressas
nas falas dos personagens dá a história um tom humorístico e atraente.
Nos seriados que foram produzidos a
partir do personagem, alguns traços se divergem da história original. Por
exemplo, o sargento Gonzales recebe o nome de sargento Garcia nas adaptações
para o cinema. Outra curiosidade é que, na obra de MacCulley, o Zorro não
costuma marcar seus inimigos com um “Z” como é representado nas telas. Isso
acontece somente quando ataca o sargento Ramón, ilustrando o significado do título
dado à obra. Porém, a marca principal do
Zorro é a de ser um cavaleiro anônimo justiceiro. E é essa que o caracteriza e
define como um grande ícone universal.
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