Morris West nasceu em St. Kilda, Victoria, na Austrália. Foi o primeiro de seis irmãos. Seu pai era caixeiro-viajante, e sua mãe, uma irlandesa católica. Formou-se em 1937 na Universidade de Melbourne e trabalhou muitos anos como professor. Passou 12 anos de sua vida em um mosteiro, mas não chegou a se ordenar padre. Em seus livros, West revela seus interesses no catolicismo romano, falando inclusive de muitos papas, e revela também um interesse na política internacional. Faleceu em 9 de outubro de 1999, vítima de um ataque cardíaco. Morris West escreveu O Advogado do Diabo, As Sandálias do Pescador e mais 25 livros, além de peças de teatro e programas de rádio.
Nesta obra, o Papa morreu e os cardeais do mundo inteiro foram convocados para o Conclave. Reunidos no Vaticano em uma eleição breve, em relação às anteriores, o alto escalão eclesiástico elege para sucessor no trono de Pedro a Kiril Lakota. Kiril era o mais jovem do colégio cardinalício. Natural da Rússia, havia permanecido prisioneiro na Sibéria por dezessete anos, prestando trabalhos forçados nos campos de concentração, onde herdou uma cicatriz, escondida pela espessa barba negra. Incomodado pelas regalias e pelo poder que tinha como Príncipe de Roma e Chefe da Igreja Católica Universal, sente-se distante do próprio povo e... na noite em que fora coroado, sai às escondidas do Vaticano, indo para as ruas. Toma café em um bar, concede extrema unção a um moribundo e dialoga com uma mulher, Ruth Lewin, de quem fica conhecendo a história, tudo isso, sem preservar sua identidade papal. Outra questão que incomoda ao Sumo Pontífice é o avanço do comunismo pelo mundo, que o faz manter contato com o líder Kamenev.
Enquanto a trama acontece nos misteriosos corredores do Vaticano, paralelamente o jornalista da Imprensa de Roma, George Faber luta para conseguir da Sagrada Rota Romana, a anulação do casamento de Chiara e Corrado Calitri, a fim de que possa desposá-la. Uma história de raiva, ressentimento e inveja se desenrola a partir de tudo isso.
Kiril I, como ficara conhecido o novo papa, torna-se um verdadeiro mediador das negociações políticas entre o presidente dos Estados Unidos e o líder Kamenev. O que está em jogo é a eclosão de um conflito e a ameaça de uma guerra nuclear. Ao mesmo tempo, o Pontífice Máximo tem de aprender a conviver com a solidão proveniente do papel que desempenha. Caberia a ele a palavra final em qualquer decisão tomada na Igreja Católica, em virtude de calçar os sapatos de Deus. Na tentativa de controlar seus afetos, Kiril se afeiçoa a pessoas especiais, principalmente ao padre jesuíta Jéan Télemond. Este era o defensor de uma grande tese que lhe custou longos anos de sua vida e, ao passar pela revisão do Vaticano, foi reprovada por problemas semânticos. Decepcionado, cai de cama e vem a falecer ante a presença do vigário de Cristo.
A obra As Sandálias do Pescador busca sondar o complexo ambiente da elite eclesiástica da Igreja: o Vaticano. Retrata sobretudo, o peso que o nome “Vigário de Cristo” representa para Kiril I fazendo-o calcular minuciosamente suas decisões políticas e religiosas, pesando as conseqüências para a Igreja e o mundo. O seu lado mais humano é representado como um emergir na solidão, a qual somente o próprio Deus se encontra acima do Papa, no que diz respeito à instituição.
Enfim, Morris West consegue apresentar um Papa fictício que, na verdade, lida com assuntos do mundo real: a guerra fria, eutanásia, iminência de uma guerra atômica, eugenia, ciência X religião, além dos aclamados debates teológicos acerca da Teoria Evolucionista de Darwin. Um romance que se tornou um clássico da literatura contemporânea e que em meio à figura de um Papa político, não oculta as manobras ardilosas feitas pelos Príncipes da Igreja para conduzir a arca de Cristo.
REFERÊNCIA
LITERÁRIA
Título: Sandálias do Pescador, As
Autoria: Morris West
Editora: Civilização Brasileira
Ano: 1966
Local: Rio de Janeiro
Edição: 7ª
Gênero: Drama | Religião | Igreja Católica
Confira um trecho da adaptação para o cinema lançada em 1968:
Acabei de comprar o livro na estante virtual e também baixei o filme..Vou ver o filme enquanto o livro não chega.
ResponderExcluirComecei a leitura ...e estou gostando,é uma crítica ao poder da Igreja,a corrupção,a influência na política mundial...
ResponderExcluirElson, nesta obra o Papa Kiril sai às ruas para encontrar os mendigos que viviam no Vaticano. Recordo que o atual Papa Francisco fez o mesmo pouco depois de se tornar papa. Teria o Sumo Pontífice se inspirado no gesto do personagem fictício de Morris West?
Excluirto tentando assisti essa maravilha e francamente nao consigo e um lindo filme
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