Do
mesmo autor do famoso best-seller A Culpa é das Estrelas, esse livro
também foi adaptado para o cinema, lançado em 2015, embora com um sucesso menor
do que aquele. John Green mais uma vez usa com maestria sua habilidade em
inserir reflexões existenciais sutis nas vivências comuns de pessoas
pós-modernas.
Margo
Roth Spielgeman e Quentin Jacobsen são dois adolescentes que, desde a infância
eram vizinhos na cidade de Orlando (Colorado, EUA). Grandes amigos, durante uma
de suas brincadeiras encontraram o corpo de um homem às margens de um lago.
Aquele fato inusitado que poderia ser um episódio isolado, na verdade
suscitaria nos dois muitos questionamentos existenciais, principalmente em
relação à história do falecido. Mas o tempo passou e, como jovens comuns,
seguiam sua rotina de festas e estudos como qualquer outro jovem
norte-americano.
Apesar
de se comportarem apenas como amigos, Quentin nutria certo romance por Margo.
Enquanto ele era um jovem que sonhava em terminar os estudos do colegial e logo
ingressar na faculdade, ter uma carreira de sucesso, uma família e uma vida
confortável, ela vivia uma vida de aventuras, seduzida por diversos mistérios e
sempre disposta a vivenciar experiências que renderiam uma boa história. Foi
assim que, certa noite, Margo surgiu na janela de Quentin intimando-o a
acompanhá-la em uma noite incrível de feitos inusitados. Mesmo surpreso,
Quentin aceita. Juntos, realizam façanhas incríveis desde trolar a amante do ex-namorado de Margo, que a estava traindo até
um passeio noturno pelo Sea World em Orlando. Ao término daquelas realizações,
Quentin e Margo estariam em um dos andares de um prédio a observar a cidade.
Para Margo, tudo aquela imensidão de construção não passava de uma “cidade de
papel”, uma metáfora para simbolizar a fugacidade daquilo que parecia tão
imponente, onde as pessoas viviam seu cotidiano rotineiro e tentavam encontrar
sentido nessa monotonia.
Estava
próxima a festa de formatura dos alunos. Quentin e seus amigos – Radar, Ben e
Lacey – estavam ansiosos pelo tradicional baile, cada um procurando adiantar
seus pares. No entanto, o par que Quentin queria, depois daquela noite de
façanhas não compareceu mais à escola. Margo estava desaparecida, mas Quentin
tinha a firme convicção de que ela havia deixado pistas, como sempre fizera nas
outras vezes. Foi assim que ele descobriu um exemplar do poema “Canção de mim
mesmo” de Walt Whitman, onde algumas passagens enigmáticas foram grifadas com
uma caneta marca-texto. Aquilo parecia ser sinais de Margo, que somente Quentin
poderia decifrar. Era o início de uma procura, que o levaria, inicialmente a
casarões abandonados na própria cidade e, depois, à extinta cidade de Agloe,
uma cidade de papel que findaria o grande enigma de Margo Roth Spielgeman.
O
termo “cidades de papel” além do sentido conotativo enunciado por Margo durante
a noite em que saíra com Quentin possui também um sentido denotativo. Trata-se
das cidades que constam somente nos mapas, mas que não existem realmente. É uma
ideia daquilo que é aparente, porém não é real. Isso dá uma noção da filosofia
que o autor constrói em sua obra. Embora o estilo narrativo foque bastante nas
vivências do dia a dia de jovens comuns, a procura existencial que Quentin
empreende é algo que o torna um jovem diferenciado. Nada parece ser um limite
para que ele descubra o paradeiro de Margo, ainda que seja viajar por longas
horas rumo a um local incerto. Por outro lado, para Margo, ele persegue a ideia
que criou a respeito dela, uma vez que, na verdade, ele nada sabe da verdadeira
e problemática Margo. Vale ressaltar que tal busca não é movida por um desejo
passional louco e sim pela vontade de desvendar aquele que é o maior enigma de
toda a história: a própria Margo Roth Spielgeman.
REFERÊNCIA
LITERÁRIA
Título: Cidades de Papel
Autoria: John Green
Editora: Intrínseca
Ano: 2013
Local: Rio de Janeiro
Gênero: Drama | Aventura | Romance
Confira o trailer da adaptação para o cinema lançada em 2015: