Baseado na saga de um personagem real, essa
obra originou o filme homônimo lançado em 2015 cujo sucesso rendeu diversas
indicações ao Oscar no ano seguinte, sendo vencedor em três categorias.
A história conta a saga de Hugh Glass, um dos
caçadores pertencentes à Companhia de Peles Montanhas Rochosas, fundada por
William Henry Ashley. No começo do século XIX, o comércio de peles entre homens
e indígenas no oeste norte-americano, além de ser um negócio altamente
rentável, era uma forma de garantir o convívio pacífico entre os dois grupos,
ainda que muitas tribos fossem relapsas em manter contato amistoso com os
homens brancos, como por exemplo, os arikaras e os sioux. Mais precisamente no
ano de 1823, o Capitão Andrew Henry liderava uma expedição que subiria o rio
Missouri até sua fonte, em busca da matéria-prima da companhia. Num episódio
trágico, Hugh Glass é atacado por um urso, travando uma dura batalha com o animal
e herdando ferimentos que o deixaram à beira da morte. Compadecido com o estado
deplorável do companheiro, Henry decide seguir adiante na missão da companhia,
enquanto Hugh Glass seria deixado na companhia de John Fitzgerald e Jim
Bridger, para que fizessem dignamente seu sepultamento quando falecesse. No
entanto, face ao estado lamentável de desfalecimento de Glass e ameaçados pela
aproximação de alguns indígenas, os encarregados o abandonam e roubam suas
coisas, especialmente seu estimado rifle Anstadt, deixando-o à mercê dos
perigos da floresta e da própria morte.
Nesse contexto inicia o grande tema a que o
livro se propõe que é narrar a saga de sobrevivência de um homem alimentado por
um único desejo: vingança. As suturas rudimentares que Glass recebera quando
ainda estava sob os cuidados do Capitão Henry eram uma pobre garantia de que
sua sobrevida ainda se estenderia por algum tempo. Mesmo assim, Glass consegue
ir além de suas dores para buscar algum alimento, ainda que esse seja uma carne
pútrida de um búfalo que servira de alimento aos lobos. Suas feridas
infeccionaram e estavam repletas de larvas quando um encontro que poderia por
fim à sua vida faz com que ele receba uma nova chance. Índios sioux haviam-no
encontrado e trataram suas feridas. Após, Glass fora levado ao forte Kiowa
Brazeau, onde recebera comida e armas, além de aceitar um pedido de se unir a
uma expedição. Era uma estratégia para que ele encontrasse o caminho que o
levaria até o Forte Union, onde encontraria aqueles que o abandonaram e
espoliaram seus pertences.
A característica mais marcante dessa história
dramática é a coragem que o protagonista tem em superar seus mais terríveis
desafios, animado por um instinto de sobrevivência e vingança incríveis. Não
bastasse o estado deplorável de seus ferimentos, Glass ainda consegue valentemente
driblar o frio congelante, a fome atroz e até mesmo permanecer oculto dos
perigosos índios arikaras. Nessa narrativa, os méritos do autor ao contar
episódios mórbidos e até mesmo repugnantes deve ser louvado. Mais do que a
defesa da própria honra, vale destacar o instinto de sobrevivência e o impulso
que um desejo ardente é capaz de realizar em uma vida, ainda que animado por
uma virtude que não é das mais nobres. Ao leitor ficará o sentimento de raiva
de alguns personagens enquanto a curiosidade por conhecer o desfecho o fará
destrinchar página a página dessa obra que é uma das melhores do gênero
sobrevivência escritas até hoje.
REFERÊNCIA
LITERÁRIA
Título: Regresso, O
Autoria: Michael Punke
Editora: Intrínseca
Ano: 2016
Local: Rio de Janeiro
Gênero: Drama | Aventura | Sobrevivência
Confira o trailer da adaptação para o cinema lançada em 2015:
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