Jacques Loew nasceu em Clermont-Ferrand (França) em 1908, filho de católicos não-praticantes. Trabalhou como estivador e foi advogado. Tendo se convertido aos 24 anos, mais tarde ingressou para a ordem dos dominicanos. Fundou a Missão Operária São Pedro e São Paulo (MOP) e a Escola da Fé.
No cristianismo, a conversão é um fator chave para que a pessoa se reconheça em seu ser limitado e busque sua totalidade em Deus. Ela não é um processo isolado, de um único momento da vida do cristão, mas atravessa toda a sua existência, convidando-o sempre a aperfeiçoar-se em sua vivência da fé. É nesse sentido que a obra de Jacques Loew conserva o júbilo dos cinqüenta anos de seu encontro com Deus ou, em suas próprias palavras, de felicidade interior.
Tudo começou a partir de sua estadia no sanatório em Leysin, e 1932, onde teve seus primeiros contatos com obras como A Imitação de Cristo, Confissões e o Novo Testamento. Filho de pais católicos, foi batizado e instruído nos ditames do protestantismo. Em uma Semana Santa na Cartuxa de Valsainte, sente-se profundamente tocado pela celebração dos mistérios de Cristo, especialmente pela Ceia do Senhor. A leitura de Pensamentos (Blaise Pascal) o faz refletir sobre a condição do homem no mistério de Deus. Era como se sentisse provocado a dar uma resposta que mudaria toda a sua vida: “Queres que seja sempre à custa do sangue de minha humanidade, sem que tu me dês tuas lágrimas? Cabe a mim tua conversão, não temas e reza com confiança” (p. 26). A partir daí decorreria todo um processo que culminaria em sua entrada para os dominicanos.
A narrativa do padre Loew concilia dois pólos como parte de uma única e mesma realidade: a ciência e a fé. Os estudos e pesquisas da primeira facilitam a compreensão da segunda. Daí provém seu deslumbramento diante de um floco de neve, do ciclo reprodutivo da papoula ou do papel das abelhas na polinização. A fonte da tradição bíblica também é para ele uma história do caminho espiritual da ação de Deus na vida de homens que se abriram ao mistério. Consequentemente, isto o faz acolher e meditar nos grandes dogmas da doutrina católica como a confissão (todah), Eucaristia, Santíssima Trindade, Virgem Maria e ressurreição. São traços que o ajudam a, pouco a pouco, ir compreendendo o mistério do homem na vida de Deus e vice-versa.
Por esta obra, padre Loew quer fazer um memorial de todo o itinerário de conversão que vivenciou. Reunindo aspectos autobiográficos e observando a própria história como espaço privilegiado de morada do divino, toda a alegria e júbilo de sua trajetória o fazem regozijar-se. A gratidão é o motivo pelo qual o autor realiza uma verdadeira profissão de fé na ternura e bondade manifestada por Deus, no decorrer de toda a sua vida. Com isso, transmite ao leitor e lhe desperta, para a sabedoria em reconhecer a presença divina na criação, no progresso humano e em sua própria jornada como peregrino neste mundo.
REFERÊNCIA LITERÁRIA
Título: Meu Deus em quem Confio
Autoria: Jacques Loew
Editora: Paulinas
Ano: 1986
Local: São Paulo
Gênero: Espiritualidade
Nenhum comentário:
Postar um comentário