Esse
livro inaugura uma trilogia cuidadosamente construída. A obra ganhou uma
adaptação para o cinema em 2011.
A
economia mundial estava em crise, principalmente no setor industrial, não só
por questões econômicas, como também políticas. Nos Estados Unidos, setores
como o de linhas ferroviárias ressurgem como alternativas mais econômicas para
o transporte de mercadorias em um país arrasado. Nesse contexto, a Companhia
Taggart Transcontinental torna-se a empresa do ramo que melhor se sustenta em
um cenário avassalador para a classe empresária. Tal companhia tinha à sua
frente ninguém menos do que os irmãos Dagny e James Taggart, sendo que a
primeira era a principal articuladora dos empreendimentos.
Não bastasse o cenário de crise
em que o monopólio de algumas empresas vinha ocasionando o colapso de outras, Dagny
Taggart estava à frente de um projeto ousado e inovador: construir uma extensa
linha férrea denominada Linha Rio Norte utilizando um metal cuja qualidade
ainda era vista com ressalvas pelos principais setores do ramo. O metal Rearden
era produzido pela Siderúrgica Rearden, presidida pelo visionário Hank Rearden.
Fruto de 10 anos de pesquisa e um investimento de mais de 1 milhão e meio de
dólares, o metal Rearden era tido como um produto de baixo custo e mais
resistente do que o metal comumente utilizado. Contudo, a ciência não havia
provado sua eficácia para sustentar grandes composições nos trilhos e o governo
trabalhava para que aquela tecnologia não fosse empregada sem os devidos
testes. Por recomendação do Instituto Científico Nacional, o metal Rearden fora
desqualificado sob a alegação de que não era seguro. No entanto, tal parecer
tinha interesses muito mais econômicos já que o governo temia o monopólio da
empresa de Rearden, colocando-o em um paradoxo: se o metal não era bom, isso
constituiria em um perigo físico para o público; ser era bom, constituiria em
um perigo social, pois dominaria o mercado, impulsionando ainda mais a
avalanche de empresas que iriam à falência.
Nesse confronto, fora editada a
Lei de Igualdade de Oportunidades, a
qual visava limitar os negócios dos grandes empresários a apenas um negócio, a
fim de evitar a monopolização do mercado.
Em meio a essa trama
empresarial Ayn Rand envolve também as tramas emocionais que os personagens
vivem, bem como relata os antepassados que levaram pessoas comuns a se tornarem
grandes líderes do mundo dos negócios como o ricaço Francisco d´Anconia que
enriquerecera às custas dos pesados trabalhos nas Minas de San Sebástian no
México.
Na Taggart Transcontinental, o
irmão de Dagny fora extremamente relutante com a nova tecnologia e contrário à
sua aplicação, uma vez que poderia significar a ruína do negócio herdado de
seus pais. Diante dessa recusa, Dagny decide fundar a própria companhia
utilizando capitais oriundos de outros segmentos que acreditavam no potencial
daquele empreendimento. A nova empresa fora batizada como Linha John Galt,
fazendo alusão a um dizer que era a sensação do momento em toda a imprensa, mas
aparentemente sem uma explicação clara quanto a sua origem: “Quem é John Galt?”. Talvez, utilizando
uma estratégia de marketing, o sucesso do empreendimento promovido pela Linha
John Galt e do Metal Rearden viria dar uma resposta a essa questão, no episódio
que mundialmente ficou conhecido como “a segunda Renascença”, dada sua ousadia
e inovação em um período tão crítico da economia norte-americana.
O triunfo da Linha Rio Norte
levara Hank Rearden e Dagny Taggart a uma amizade extra corporativa. Em um
passeio comemorativo tiveram conhecimento de um equipamento desenvolvido pela
20th Century Motor Corporation que era um motor que usava vácuo atmosférico
para criar eletricidade estática. Tratava-se de um projeto visionário que
poderia revolucionar ainda mais o setor industrial. Como a empresa viera à
falência os dois iniciam uma verdadeira saga em busca dos projetistas daquele equipamento
promissor. Era a oportunidade que faltava para que a dupla novamente mostrasse
seu poder de ascensão, desbancando toda uma corja de pessimistas instalados no
governo e nas grandes corporações.
Embora a narrativa de Ayn Rand
se mostre bastante extensa e descritiva, a trama não se perde em meio às
palavras que usa para a descrição dos personagens e situações. A história em si nada tem de simplista e é
muito bem construída de forma a entrelaçar pessoas fatos e acontecimentos além
de criar um clima de expectativa no leitor, principalmente quanto ao resultado
do empreendimento de Dagny e Rearden. Enfim, trata-se de uma história cujo fim
em aberto clama pela continuidade no desfecho dos próximos dois volumes da
trilogia.
REFERÊNCIA
LITERÁRIA
Título: Revolta de Atlas, A
Autoria: Ayn Rand
Editora: Sextante
Ano: 2010
Local: Rio de Janeiro
Série: Revolta de Atlas, A - Vol. I
Gênero: Drama
Confira o trailer da adaptação para o cinema lançada em 2011:
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