Considerado um dos
melhores romances bíblico de todos os tempos e um clássico da literatura
mundial, essa obra épica narra, de forma romanceada, mas coerente com os fatos
históricos, a história de São Lucas – chamado Lucano -, um dos quatro evangelistas
cristãos. A obra é fruto de 46 anos de dedicação da sua autora, cujo cuidado em
sua escrita justifica o sucesso pelo mundo.
Embora de origem humilde, Lucano era bastante estimado por
Deodoro Cirino, tribuno romano que vivia com sua família na Síria. O pai de
Lucano, Enéias, fora escravo liberto de Deodoro, por quem tinha muito apreço e ainda
servia fielmente com sua esposa Ísis. Lucano era muito amigo da filha do
tribuno, Rúbria, por quem nutria um amor puro desde a infância. Rúbria encontrava-se
bastante enferma e corria sério risco de morte. Já na infância, certo poder
místico de Lucano é manifesto quando Rúbria apresenta sinais de uma cura rápida
e inexplicável.
Como Deodoro via o talento daquele garoto, sentia também ser
ele predestinado a um futuro brilhante. Com isso, investe no menino para que
ele aprimorasse seus estudos e se formasse um excelente médico. Keptah, escravo
e médico a serviço do tribuno, seria incumbido da missão de iniciar o jovem nas
artes da medicina. Lucano corresponde e torna-se um profissional dedicado e cuidadoso
no trato das moléstias humanas. Desde cedo, Lucano conservava também a fé em um
Deus que tudo criara e tudo regia. Embora grego, a espiritualidade de Lucano
levava-o a crer mais no "Deus desconhecido" dos judeus do que no
politeísmo do Olimpo. No trato com seus pacientes, Lucano vivia seus valores
religiosos, de forma que, em muitos deles, detectava males que outros médicos
não percebiam e curava doenças que outros médicos davam como incuráveis. Na
verdade, ele sabia que muitos dos que o procuravam estavam doentes da alma e
não do corpo.
Após três mortes trágicas e consecutivas, a fé de Lucano passou
por uma crise de revolta: seu pai Enéias morrera durante uma tempestade,
tentando preservar alguns escritos; Rúbria falecera em decorrência de sua
doença; Aurélia, esposa de Deodoro, morrera durante o parto de seu filho
prematuro. Lucano exercia seu ofício entre os pobres e não se conformava com o
fato de Deus permitir que pessoas boas sofressem males indescritíveis. Se Deus
era um bom pai, então porque permitia o sofrimento de seus filhos?
Acompanhava-o José Ben Gamliel, que era um homem piedoso. Lucano não conseguia
compreender como aquele homem louvava a Deus, o qual, em sua concepção, era o
mortífero inimigo de todos os homens. Ainda assim, dedicava-se com esmero aos
pobres abandonados até mesmo pelo Pai de todos os homens.
As viagens de Lucano levaram-no a Jerusalém onde ouviu falar
de um homem enigmático chamado Jesus Cristo, que vivera ali, fora crucificado e
ressuscitara havia poucos dias. Sua opção preferencial pelos pobres era a característica
mais marcante para Lucano. A partir daí procurou conhecer melhor sobre aquele
homem e teve sua vida transformada por encontrar as respostas que havia tanto
tempo trazia consigo. As histórias que ouvira, principalmente do rico judeu
Hilell Ben Hamram e de alguns influentes soldados romanos, foram todas
escritas, vindo a formar o Evangelho segundo Lucas meditado pelos cristãos de
todos os tempos.
Em meio aos fatos que dão forma à história torna-se
surpreendente acompanhar a evolução espiritual por que passa o protagonista.
Lucano jamais vira Jesus pessoalmente, mas acreditara piamente em suas palavras
a ponto de viver uma espiritualidade íntima e comunicá-la às pessoas. Fora
convencido pela fisionomia mística daqueles que com ele estiveram de que aquele
galileu de fato era o esperado pelos judeus, cujo nascimento ocorrera naquela
noite em que o pai de Lucano mostrara-lhe uma estrela cadente no céu. E essa
estrela sempre brilhou no coração e na prática de Lucano a ponto de ser
registrada em seu evangelho.
REFERÊNCIA LITERÁRIA
Título: Médico de Homens e de Almas
Autoria: Taylor Caldwell
Editora: Círculo do Livro
Local: São Paulo
Gênero: Cristianismo | Espiritualidade
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