Esse é um livro
do gênero romance mas que apresenta diferenciais que o distinguem de muitas
literaturas cujo excesso de romantismo acaba por tornar a leitura enfadonha e
pegajosa. Trata-se de uma narrativa bastante contemporânea, não só pelos elementos
narrativos presentes, como também pelos traços comportamentais dos jovens
protagonistas.
Hazel Grace é uma
adolescente portadora de um câncer de tireóide com metástase nos pulmões. Isso
significava que, embora se medicasse regularmente para atrasar o avanço, a
doença não seria curada. Além do mais, ela tinha que usar um cateter ligado a
um tubo de oxigênio vinte e quatro horas por dia, já que seus pulmões não eram
autônomos para mantê-la viva. Mesmo assim, Hazel não vivia deprimida ou apegada
à ideia de morrer em um futuro próximo, embora seus pais sofressem mais com a
ideia da perda, do que ela com a iminência da morte.
Certo dia, Hazel
participa de uma reunião do Grupo de Apoio da igreja local, onde conhece várias
pessoas em situação de saúde semelhante a sua. Um cara em especial lhe chama
atenção: Augustus Waters. Enquanto ele falava sobre a importância em ser lembrado
ela lhe respondeu sobre a inutilidade daquela intenção, já que todos estavam
fadados ao inevitável esquecimento. Era a centelha para que eles começassem uma
nova amizade.
Hazel e Augustus
compartilhavam muitos momentos e atividades juntos. Porém, o que ocupava o
centro de suas atenções eram as leituras, especialmente o livro de que Hazel
mais gostava: Uma Aflição Imperial de
Peter Van Houten. Ela se identificava bastante com a história já que também
falava de uma garota com câncer em estágio terminal que vai vivendo sua vida e,
em certo momento do livro, ele termina sem um fim definido. Isso levanta vários
questionamentos e dúvidas no leitor, se ela de fato quis terminar o livro
daquela forma ou se ela morreu e por isso não pôde terminar a narrativa. Hazel
se perguntava também sobre o que teria acontecido com os outros personagens,
especialmente os pais da garota. Para ela, era interessante descobrir como a
história continua depois que ela termina.
Augustus era um
cara cheio de surpresas. Tinha um hábito estranho de ficar com um cigarro
apagado na boca mas isso era para ele uma metáfora: você se aproxima daquilo
que te mata, porém não lhe dá o poder de te matar. Augustus decide enviar um
email para o autor do livro de que Grace gostava a fim que satisfazer a
curiosidade dela (e dele também!) sobre o desfecho da história. A secretária
dele responde às mensagens e agenda um encontro em Amsterdã, onde seriam
sanadas todas as dúvidas. Hazel salta de alegria com a ideia de conhecer
pessoalmente o autor, ainda mais com a companhia agradável de Augustus.
Contudo, próximo da data da viagem, seu estado de saúde se agrava e o
empreendimento de uma jornada tão longa é visto como bastante arriscado pelos
médicos. Muitos teriam desistido. Mas desistir não era uma opção para Hazel e
Augustus.
O encontro com
Van Houten não corresponde às expectativas que os jovens alimentavam. Mesmo
assim, vale a aposta em um passeio, a princípio temerário, mas que significou em
dias agradáveis para os dois. Hazel e Augustus não escondem mais o amor que
sentiam um pelo outro. Principalmente ela, tinha bastante resistência em viver
tal romance, uma vez que se considerava como “uma granada que poderia explodir
a qualquer momento e que iria ferir a quem estivesse perto”. A ideia de morrer
em breve somente a assustava quando ela pensava que pudesse causar sofrimento
àqueles que amava: seus pais, amigos e Augustus. Mas a ordem dos fatos seria
ainda mais ingrata, revelando um lado do qual ela não estava preparada para
enfrentar: outra granada explodiria causando-lhe feridas ainda mais dolorosas
do que o próprio câncer.
Se a história de A Culpa das Estrelas se prendesse
somente a narrar os fatos em torno dos protagonistas Hazel e Augustus,
certamente ela seria somente mais uma história chocante, ainda que bonita
dentre tantas outras e não justificaria o sucesso que obteve, inclusive com sua
adaptação para o cinema em 2014. Entremeados nos diálogos, o autor trabalha, de
forma muito leve e descontraída, questões filosófico-existenciais importantes:
qual o sentido da vida? O que há depois de tudo o que aí está? De que vale a
vida para alguém que sabe que irá perdê-la em breve? Como Deus se encaixa nisso
tudo? Desta forma, John Green reflete com seu leitor numa linguagem
estritamente jovem e absolutamente marcante.
REFERÊNCIA LITERÁRIA
Título: Culpa é das Estrelas, A
Autoria: John Green
Editora: Intrínseca
Ano: 2012
Local: Rio de Janeiro
Edição: 1ª
Gênero: Romance
Confira o trailer da adaptação para o cinema lançada em 2014:
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