Mario Sergio Cortella é filósofo e professor.
Trabalhou com o prof. Paulo Freire, grande pedagogo dos tempos atuais, e atuou
em programas políticos de melhorias na área da educação. Sua atuação não se
restringe ao ramo acadêmico, mas se estende também aos meios de comunicação,
principalmente por programas de rádio, TV e publicações em jornais e revistas.
Cortella possui obras de considerável importância que tratam de assuntos
filosóficos, educacionais e epistemológicos.
Esta obra de Cortella é, na verdade, uma
coletânea de crônicas publicadas no jornal Folha
de São Paulo, entre os anos de 1994 a 2004. Portanto, o conteúdo das
reflexões propostas trata de temas completamente atuais, ou busca fazer um
elogio a assuntos que talvez não sejam tão atuais, mas que ficaram gravados
como uma feliz recordação para quem não esqueceu os velhos tempos. Cortella não
conservou uma linha específica de raciocínio ou reuniu crônicas que tratassem somente
de assuntos semelhantes. O que encontramos é uma centelha de cada coisa,
buscando incendiar no leitor o anseio pela reflexão. Num universo onde tantas
experiências se entrecruzam, o autoquestionamento do que cada um busca para si
mesmo torna-se cada vez mais necessário. Daí o subtítulo do livro sugerir que o
que é apresentado são apenas provocações filosóficas.
O mundo pós-moderno requer do ser humano a
capacidade de lidar com um variado acervo de coisas em tempo recorde. A
capacidade de assimilação é um aprendizado imprescindível para todos aqueles
que almejam “curtir” a vida ao máximo. No entanto, a cultura prega o ledo
engano de que aproveita a vida aquele que faz de tudo um pouco e jamais abre
mão de sentir prazer no que faz. Diante disso, uma gama de eventos vitais a que
todo ser humano está sujeito, torna-se relativizada ou mesmo distorcida. Quais
os apelos do amor em uma sociedade totalmente erotizada? Qual o sentido do
sofrimento em um mundo completamente hedonista? Para onde foram as emanações do
sagrado numa cultura afirmativa, pragmática e cientificista? O que foi feito
com as famílias numa rede de relacionamentos marcados por um amor líquido, onde
tudo o que é sólido se desintegra no ar? Como os cidadãos conciliam a
necessidade do trabalho com o necessário tempo ocioso? Que tipo de termômetro
usamos para aferir a carga de sentido do passar dos anos? Numa cultura
transitória e tacocrática (marcada pela rapidez e instantaneidade) o que fica
gravado na memória?
A vida como espaço existencial é curta demais
para gastas em fatos epidérmicos e suficiente para ser vivida intensamente. As
reflexões proposta nesse livro buscam suscitar no leitor a busca pelo seu
próprio centro de equilíbrio, de forma que possa refletir sobre seu próprio
existir como pessoa, bem como a importância que dá a tudo o que o rodeia.
Afinal, o tempo que passa clama por ser vivido de modo criativo, dinâmico, cheio
de vitalidade e inteireza naquilo que fazemos. O que não resta é tempo para a
superficialidade. Enfim, o desconhecimento de quando findará nossa vida aponta
que um dia poderá ser “cedo ou tarde
demais, pra dizer adeus, pra dizer jamais...”
REFERÊNCIA
LITERÁRIA
Título: Não espere pelo epitáfio...
Subtítulo: provocações filosóficas
Autoria: Mario Sergio Cortella
Editora: Vozes
Ano: 2005
Local: Petrópolis
Edição: 3ª
Gênero: Filosofia