Publicado em 1920 e narrado no melhor estilo
policial, O Misterioso Caso de Styles
é o primeiro livro de Aghata Christie, mundialmente conhecida como A Rainha do Crime. Essa obra é também a
primeira aventura do personagem principal, o detetive belga Hercule Poirot,
famoso por sua perspicácia e visão de conjunto ao desvendar os casos criminosos
que analisa, fazendo lembrar muito outro personagem não menos famoso, Sherlock
Holmes, criação de Artur Conan Doyle.
Após regressar das fronteiras de uma
guerra, o capitão Arthur Hastings, narrador em primeira pessoa, foi passar uma
temporada junto a amigos na mansão Styles, convidado por John Cavendish. Saudado
pelos proprietários Alfred e Emily Inglethorp, Hastings mal podia supor que uma
terrível atrocidade estava sendo arquitetada e abalaria a tranquilidade de sua
estadia na mansão.
Durante uma noite, todos os
presentes na casa são surpreendidos por um grito lancinante vindo do quarto da
Sra. Inglethorp. Ao conseguirem entrar lá, encontram a ricaça caída e morta,
supostamente devido a um ataque cardíaco. Em breve chegam os Drs. Wilkins e
Bauerstein que atestam o óbito, mesmo sem compreender as possíveis causas
determinantes, já que a paciente era extremamente cuidadosa com sua saúde e não
vinha apresentando queixas de enfermidades sérias. No entanto, uma perícia no
local do fato revelou indícios de que ela poderia ter sido envenenada com
estricnina, uma substancia altamente letal, levantando a suspeita de
assassinato.
Diante a gravidade do fato, Hastings
convoca seu amigo detetive Hercule Poirot para analisar o caso. Logo ao chegar,
Poirot deixa os presentes intrigados, uma vez que para ele, elementos
aparentemente fúteis e sem importância eram dignos de uma atenção melindrosa,
pois tamanha insignificância poderia representar uma influência crucial no desfecho
do caso. Na mansão Styles, reinava uma atmosfera enigmática que tornava a todos
suspeitos, até mesmo o Sr. Inglethorp, que estava em viagem na data do
ocorrido. Com isso, Poirot inicia uma série de entrevistas com os moradores e
criados, encontrando uma série de depoimentos controversos, tendenciosos e até
mesmos discutíveis. O detetive descobre também que a Sra. Emily havia tido uma
discussão com o marido às vésperas do ocorrido, tornando-o o principal suspeito
do assassinato. Mas como, se o Sr. Inglethorp (que era o segundo esposo de
Emily) não se encontrava na mansão naquela noite fatídica? Qual a parcela de
suspeita os enteados John e Lawrence Cavendish teriam, uma vez que seriam
herdeiros da fortuna? Cinthia, que vivia na mansão por bondade e consideração
da Sra. Inglethorp teria algum interesse na morte da ricaça? Um fragmento de
testamento parcialmente queimado encontrado na lareira alimentaria ainda mais a
hipótese de que o crime teria ocorrido objetivando a herança. A complexidade do
caso se revelava um mistério até mesmo para os detetives da Scotland Yard,
amigos de Poirot. No entanto, o detetive belga surpreenderia a todos ao revelar
de forma genial quem era o verdadeiro criminoso e como chegou a tal
constatação, contrariando as suspeitas de todos.
Como romance de estreia, O Misterioso Caso de Styles é o início
de uma série respeitada e famosa mundialmente, por desafiar engenhosamente o
imaginário investigativo do leitor no desvendamento das pistas deixadas nas
entrelinhas do romance. Por que sinais tão evidentes do criminoso acabam por se
revelarem como armadilhas perigosas, as quais todo detetive perspicaz deve
desconfiar e fugir? Talvez seja essa uma das maiores lições que o primeiro
romance de Aghata Christie quer ensinar.
CHRISTIE, Aghata. O Misterioso Caso de Styles. São Paulo: Círculo do Livro, [s.d.]. 202 pgs.
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