Existem
diversas histórias sobre a lenda do Rei Artur. Nessa, Allan Massie reproduz a
versão narrada pelo sábio e astrólogo medieval Michael Scott, escrita para seu
aprendiz e imperador do Sacro Império Romano, Frederico II de Hohenstaufen
(1194-1250). Trata-se do segundo romance de Massie em sua trilogia sobre a
Idade Média. O autor é famoso por suas diversas obras, contando com vários
títulos sobre os imperadores romanos.
Quando
Artur era ainda bem pequeno, Merlim, uma espécie de mago que o instruíra,
percebeu seu futuro promissor e retirou-o dos braços de sua mãe, a fim de
torná-lo um grande cavalheiro. Artur passara a andar errante pelo mundo e
sofrera abusos, sendo o mais marcante aquele que o Cara de Pedra lhe infligira. Também passara por experiências
positivas, atuando como artista itinerante, onde conheceu seu amigo Cal, que
lhe seria fiel por toda a vida. Desde então, sua história passou a ser marcada
por contos heroicos e cercados de misticismo que exaltam seus feitos e a
natureza de sua força.
O
período de realeza de Artur se inicia com o falecimento do rei da Grã-Bretanha,
Uther Pendragon. Este afirmara que se tornaria seu sucessor no trono, aquele
que conseguisse remover a espada Excalibur de uma pedra. A tarefa fora
impossível para os melhores cavalheiros do império e somente Artur conseguira,
mesmo sendo acusado de obter auxílio da magia de Merlim. A Grã-Bretanha estava
em guerra contra a invasão dos saxões, liderados pelo Rei Lot. Quando ainda era
artista, Artur havia tido um filho com a esposa deste, Morgan Le Fay, que
nascera deficiente e se chamava Mordred. Merlim era irmão de Morgan e a havia condicionado
aos seus interesses quando pequena, cerceando suas liberdades. Ela jamais havia sido feliz com isso e constantemente
sofria desgostos, razão pela qual mandara acorrentá-lo, como forma de vingança.
No entanto, para sua surpresa, como Artur era um rei pacífico e diplomático,
diante da oferta do rei saxão Ethelbert de que se casasse com sua filha Guinevere,
esse aquiesceu e Morgan fora exilada. Era a oportunidade de reconciliação entre
os dois povos e um passo para a restauração do Império de Roma. Guinevere não
gostava de Cal e fizera Artur expulsá-lo como bode expiatório de um mal que ela
cometera, o que causou grande desgosto ao rei e fez com seu amor por ela
começasse a se declinar.
A
discussão entre dois soldados sobre qual deles era superior inspirou o Rei
Artur na criação da Ordem dos Cavaleiros da Távola Redonda, na qual nenhum membro
ocuparia posição superior a qualquer outro. Esta consistia num destacamento de
soldados regidos segundo os critérios estabelecidos pelo próprio Rei Artur. Os
princípios supremos eram o dever e a disciplina. Mesmo não havendo hierarquia
entre ambos, dividiam-se em dois graus: 1º)
Classe dos cavaleiros solteiros = embora não praticassem a castidade,
era-lhes proibido a união legal. Além do mais, não podiam possuir terras e
ficariam à serviço do rei; 2º) Classe dos
cavaleiros territoriais = formada por ex-cavaleiros solteiros, possuíam
castelos e terras e deviam garantir a paz da região e de seu povo, além de
cobrarem impostos e fornecerem soldados em tempos de guerra. O mais famoso dos
cavaleiros fora Lancelot que, mais tarde, fugiria com a esposa de Artur, lançando
seu reinado em uma grave crise. Além do mais, a partida de diversos cavaleiros
para uma busca egoísta que diziam se fundar na lenda do Santo Graal (o cálice
que Cristo usara na última ceia e que, acreditava-se, daria a imortalidade a
quem o possuísse), provocou a dissolução da Ordem da Távola Redonda. Era o
início da tragédia de uma época áurea que o rei construíra.
A
notícia da união entre Artur e o imperador do oriente provocou ciúmes no papa. Nesse
contexto, o pontífice usou o filho que Artur tivera com Morgan, Mordred, para
destruí-lo. E assim Artur seguiu em batalha junto com seus companheiros
Gawaine, Agravaine e Parsifal, até que estes foram mortos e, finalmente, o rei.
É
interessante notar nessa obra a mescla entre o que é esotérico e o que fatual.
O autor consegue exprimir o contexto histórico no qual se dá a trama sem torná-la
exaustiva com a citação de datas e lugares diversos. Na história do personagem
real se infiltram também os contos lendários da visão de uma época marcada pelo
misticismo de uma visão cristã ainda não lapidada pelos ditames da razão. A
narrativa torna-se ainda mais rica por retratar alguns traços característicos
da sociedade inglesa da Idade Média, como seus códigos de honra, tabus sexuais,
ideias religiosas consideradas heréticas, bem como a suntuosidade das batalhas.
Allan Massie retrata Artur como uma figura cativante, humanista, sábia,
preocupada com os interesses de seu povo e que conservara a honra e a dignidade
mesmo diante da morte certa e sua iminente derrota na última batalha contra
Mordred. Razão essa porque o todo de sua vida o consagrou com uma lenda
venerada em vários povos.
REFERÊNCIA
LITERÁRIA
Título: Rei Artur
Autoria: Alan Massie
Editora: PocketOuro
Ano: 2008
Local: Rio de Janeiro
Série: Eterna Roma - Vol. II
Gênero: Épico
Obrigado por compartilhar a história do Rei Arthur. É muito interessante! Amei o filme da história que Guy Ritchie estrenou no ano passado. Acho que é uma boa idéia fazer este tipo de adaptações cinematográficas. Gostei muito da história por que não é tão previsível como outras. Para mim Rei Arthur a Lenda da Espada legendado é um dos melhores. É bom! A forma em que o filme vão metendo os personagens e contando suas historias é única. Se alguém ainda não viu, eu recomendo amplamente, vocês vão gostar com certeza. É algo muito diferente ao que estávamos acostumados a ver.
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