No
universo “The Walking Dead” (título
original da série) os pequenos grupos peregrinos nunca estão sozinhos. Vez ou
outra eles se esbarram, na maioria delas, envoltos num clima hostil no primeiro
encontro, ou até que se prove o contrário. Esse volume desenvolve o encontro ocorrido
no último volume, em que Rick e seu grupo deparou-se com o trio formado por
Eugene, Rosita e Abraham. Contudo, a decisão de formarem uma parceria parte do
pressuposto revelado por Eugene, de que sabia exatamente os motivos que desencadearam
o apocalipse zumbi e tinha condições de procurar vias de destruir
definitivamente aquele mal.
Frente às revelações inéditas, Rick e seu grupo
decidem acompanhar Eugene, Rosita e Abraham rumo a Washington. Durante uma
vigília pelo caminho, após acordar de um pesadelo em que Lori subitamente se
transforma em um zumbi e tenta o atacar, novamente Rick é acometido por seus
delírios com o telefone, agindo como se a esposa estivesse do outro lado da
linha. O dia amanhece e o grupo segue em frente, recolhendo alguns produtos em
uma loja, mesmo cercados pelos zumbis. Ao observar o comportamento fraco de um
errante, Eugene toma nota de seu modo de agir em relação aos demais. Para o
cientista, os mortos-vivos parecem necessitar de alguma espécie de nutrição
para manterem seus organismos animados. De volta para a estrada, durante mais
uma noite de vigília, Gleen depara-se com uma imagem horripilante: Maggie
suicidara por enforcamento.
Por um triz, Maggie é retirada e tem a vida
salva. Contudo, uma discussão entre Rick e Abraham acerca da conveniência ou
não atirar de uma vez na garota, evitando uma possível transformação, faz com
que o orgulho de Abraham seja ferido. Para ele era extremamente difícil
suportar alguém lhe dando ordens. Por pouco ele não mata Rick, quando este
estava sendo atacado por um zumbi...
Diante da proximidade, Rick tem a ideia de ir
até o local onde morou a fim de recolher alguns artefatos em um departamento,
os quais seriam úteis diante de imprevistos na viagem. Dessa forma, o grupo
novamente se divide e Rick, Carl e Abraham partem na nova busca. Durante a
vigília de uma noite, o trio é atacado por outro trio, que se dizia dono da
estrada e ameaçava abusar sexualmente de Carl. Esse fato acende a ira de Rick
que eliminas os bandidos. Movido pela compaixão, Abraham decide contar como
perdeu sua família.
Abraham conta sua história marcada por
desastres a Rick. Ele tivera a esposa e a filha estupradas ao confiar em
vizinhos, no início da praga. Ao chegarem ao local onde era a residência de
Rick, ele se depara com um velho conhecido, Morgan, que também o reconhece.
Rick toma conhecimento da transformação de seu filho Duane e, ao ver que ele
mantinha a criança-zumbi em cárcere, convence-o a terminar com aquele
sofrimento e juntar-se a eles na jornada. Enquanto isso o grupo que ficou no
acampamento busca um local mais seguro e confortável para aguardarem o retorno
de Rick e os outros.
Morgan apresenta sinais de delírio que causam
espanto em Rick e Abraham. Mesmo assim, eles seguem seu curso e encontram o
local onde Rick dissera haver armamento e munição. No retorno, o trio depara-se
com uma manada que os cerca e os faz armarem um plano de fuga emergencial. Enfim,
conseguem encontrar o acampamento onde o resto do grupo ficou. Devido à
proximidade da manada, todos devem novamente colocar o pé na estrada em busca
de um novo local para se instalarem.
Fazendo jus ao tema do volume, temos
a abordagem de uma questão moral que enseja um pouco de reflexão: a súbita
mudança provocada pelo apocalipse zumbi justifica a manutenção de antigos padrões
morais? O tratamento dado às pessoas queridas que se tornam ameaças ao se
transformarem, devendo serem impiedosamente eliminadas, justificaria também um
comportamento agressivo para com os seres humanos “sãos” que assumem atitudes hostis
e até mesmo danosas aos outros? “O que
nos tornamos” reflete um pouco sobre essa questão muito mais instintiva do
que moral no cenário que foi instalado e o conflito do episódio de quase
suicídio de Maggie é um exemplo.
Pela primeira vez o questionamento acerca do que
teria originado a multiplicação dos mortos-vivos é abordado. Dessa forma, os
autores parecem inaugurar uma nova temporada, mudando o escopo dos objetivos.
Se antes a principal razão para se manterem vivos eram os laços afetivos, agora
a questão da busca pelas vias de eliminação da praga passam a ter caráter
primordial na missão dos sobreviventes. Todavia, ainda não há razões
suficientemente verídicas de que o cientista Eugene de fato saiba algo a
respeito de tudo o que aconteceu. E num reino de mentiras que causaram tamanha
destruição nas vivências daqueles personagens, essa pode ser somente mais uma
delas...
REFERÊNCIA
LITERÁRIA
Título: Mortos-vivos, Os
Subtítulo: o que nos tornamos (v.12)
Autoria: Robert Kirkman / Charlie Adlard
Editora: HQM Editora
Ano: 2013
Local: São Paulo
Série: Mortos-vivos, Os - Volume XII
Gênero: Zumbi | Suspense | História em quadrinhos
Confira um trecho da série lançada pela AMC:
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