Fazendo uma crítica às falhas dos governos em
manter a segurança de seu povo, a ação dos super-herois deixa sempre evidente a
incapacidade das forças militares tradicionais de garantir um estado de ordem
social. Não obstante, o simples combate ao crime não é páreo àqueles que são
dotados de superpoderes, de forma que seus autores inventam inimigos superfortes,
a fim de que os heróis possam provar o porquê existem. Rompendo com essa lógica
de herói versus vilão, nessa
coletânea temos outra abordagem do mundialmente famoso Homem de Ferro.
A
edição reúne os volumes 73 a 78 da revista The
Invencibel Iron Man, publicados de dezembro/03 a maio/04. Nos EUA dos
tempos contemporâneos, ainda apavorado pelos acontecimentos recentes do 11 de
setembro e sob a presidência de ninguém menos do que George W. Bush, o
departamento de segurança do Pentágono busca novas estratégias para garantir a
segurança nacional. Um vídeo gravado nos campos de batalha exibia um incidente
ocorrido com o helicóptero Peregrino na intervenção Al-Khalifa, em que todos os
soldados a bordo morreram, mesmo usando roupas especiais resistentes a impactos
e altas temperaturas. Era a evidência de que se tinha a necessidade de produzir
armaduras mais capazes de suportar os perigos da guerra e somente um homem em
todo o planeta detinha o conhecimento da tecnologia necessária para tal
empreitada.
O
chefe de gabinete do presidente da república, Stu Conrad, convida Tony Stark, o
Homem de Ferro, para ser consultor do Ministério da Defesa, visto que a
armadura idealizada por ele poderia vir a ser empregada também nos fronts de guerra contra os terroristas.
Por sua vez, Tony desconfiava que alguém infiltrado no Pentágono estivesse
utilizando suas patentes para fins nada pacíficos. Para a surpresa de Conrad, o
presidente dos EUA indica Stark para o alto cargo de Secretário da Defesa,
restando ao Senado aprovar sua nomeação. Stu Conrad achava que Tony não era
recomendado para o cargo, por ser alcoólatra, mulherengo e ligado aos
fornecedores do Departamento de Defesa, de forma que os senadores dificilmente
aprovariam seu nome. Por sua vez, Tony Stark via aquela oportunidade como
perfeita para que investigasse Sonny Burch, o subsecretário que revelou suas
patentes sob o pretexto de “segurança nacional” e que vinha utilizando as
invenções da empresa Stark na indústria bélica.
O
Homem de Ferro conhecia bem os benefícios que sua armadura poderia propiciar,
caso fosse usada para o bem, assim como o potencial destrutivo, caso fosse
empregada para o mal. Sonny Burch também aspirava ao cargo de Secretário da
Defesa e poderia construir uma frota destrutiva se detivesse tamanho poder. O passado
de Tony era o maior entrave para que o Senado aprovasse sua nomeação. Com isso,
ele tentaria convencer o corpo de senadores a votar a favor, por meio de seu
plano para “fazer guerras onde ninguém se machucasse”. A iniciativa era ousada
e traria benefícios também para a imagem do país diante do mundo. Contudo,
acontecimentos conspiratórios exigiriam do Homem de Ferro demonstrações muito
maiores do que boas intenções para se garantir no cargo.
Embora
centrada sobre assuntos políticos e ideológicos, essa coletânea não é
desprovida de momentos eletrizantes do Homem de Ferro em ação. Enquanto Tony
Stark, o personagem apresenta-se em seu estilo característico intrigante: um
playboy milionário e, por vezes, irônico nos momentos de maior seriedade. Seria
o Homem de Ferro desse episódio a representação do soldado ideal para assegurar
a onipotência norte-americana no combate aos terroristas? Tal reflexão é
perfeitamente cabível.
REFERÊNCIA LITERÁRIA
Título: Invencível Homem de Ferro, O
Autoria: John Jackson Miller
Editora: Panini Brasil
Ano: 2005
Local: São Paulo
Edição: 1ª
Gênero: História em quadrinhos | Aventura
Confira a animação produzida em 2007:
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