A principal obra de John Ronald
Reuen Tolkien (1892 – 1973) deixa qualquer leitor perplexo pela variedade de detalhes
imaginados pela mente de seu criador, criando um verdadeiro universo. São
povos, línguas, escritas, lendas, poemas, herois e inimigos, além, é claro, da
própria trama em torno da guerra pelo anel de poder. Mas, onde Tolkien buscou
inspiração para seu universo mitológico? Quais fatos ou histórias influenciaram
o seu pensamento? O que queria Tolkien ao escrever uma obra tão rica? Essas e
outras perguntas David Colbert busca responder, para que os fãs entendam um
pouco mais a principal obra de Tolkien, como também as outras correlacionadas, O Silmarillion e O Hobbit.
OSenhor dos Aneis levou 12 anos para ser escrito, sendo o primeiro volume
publicado em 1954. Antes dele, a obra OHobbit encantara diversos leitores com as aventuras de Bilbo Bolseiro. Até
essa obra, o anel não possuía nenhuma importância especial, conferindo apenas a
invisibilidade a quem o usasse. Isso até Gandalf descobrir que se trata do Um
Anel e revelar todo o perigo em possuí-lo.
Os mitos e lendas foram algumas das
principais fontes de inspiração de Tolkien. Na mitologia nórdica, o deus Odin possuía
um anel poderoso e criara outros oito, a fim de lhe aumentarem a riqueza e o
poder, controlando os reis. Odin também é um deus que esconde sua identidade,
para que todo o seu poder fique oculto. Paralelamente, na história de Tolkien,
Sauron possui um anel que encerra grande parte de todo o seu poder e cria
outros oito para tentar os líderes dos elfos, anões e homens da Terra-média.
Sauron também é um inimigo que se esconde em um olho que tudo vê para liderar
seus exércitos. Diversos elementos da história de Tolkien recordam também o
poema épico anglo-saxão Beowulf, composto por volta do século VIII. Os vários
povos habitantes da Terra-média, divididos entre hobbits, homens, elfos, orcs,
ents, huorns, anões, etc., também surgem a partir dos mitos e lendas. Um
detalhe é a discórdia mítica entre elfos e anões, que Tolkien decide resolver
pela amizade que surge entre Gimli e Legolas, forçados a combaterem juntos o
Senhor do Escuro.
O número correto de línguas da
Terra-média é algo discutível, variando de 14 a 21. As mais usadas são o quenya (alto élfico) e o sindarin (élfico cinzento). Para
inventá-las, Tolkien se baseou em seus conhecimentos de anglo-saxão (inglês
antigo) e o finlandês. O quenya se
mistura ao sindarin assim como o
latim às línguas britânicas. Também foram inventados alfabetos, sendo os
principais o tengwar (letras), uma
espécie de letra cursiva como a gravada no anel e o cirth (runas), gravados ou entalhados.
Um tópico interessante, é o porquê
Tolkien não continuou protagonizando Bilbo na missão de destruir o anel,
conforme iniciado em O Hobbit.
Certamente algumas perguntas ficariam sem resposta e o impacto da história não
seria o mesmo. Além do mais, a figura de Frodo, enquanto Portador do Anel,
revela-o como um hobbit tímido, fraco, amedrontado e indefeso. É a necessidade
e a beleza da superação, o que para Tolkien era algo admirável.
São várias as nuances do Senhor dos
Aneis, que o fazem um clássico ímpar da literatura contemporânea. O catolicismo
de Tolkien é expresso de várias maneiras, transmitindo seu olhar sobre a fé. O
contexto mitológico traz histórias geniosamente arquitetadas. A determinação de
seus personagens transmite lições motivacionais de garra e superação. Enfim, é
tarefa árdua definir em poucas palavras toda a riqueza literária que Tolkien
criou. Por hora, podemos iniciar com uma palavra, um elogio louvável:
fantástico.
REFERÊNCIA
LITERÁRIA
Título: Mundo Mágico do Senhor dos Aneis, O
Autoria: David Colbert
Editora: Sextante
Ano: 2002
Local: Rio de Janeiro
Edição: 1ª
Gênero: Curiosidades | Livros