sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Operação Cavalo de Troia I: Jerusalém (Juan José Benítez)

            Em tempos nos quais a tecnologia avança exponencialmente, o autor desse livro traz uma proposta ousada e inédita: não só a possibilidade de voltar ao passado, como também os registros de que tal empreitada foi realizada. O próprio autor do livro é um dos personagens quando recebe estranhas correspondências de certo Major (seu nome não é revelado em momento algum), enigmático em todas elas. Assim, intrigado por tanto mistério, Benitéz decide investigar até o fim. Somente após a morte do Major, ele tem contato com um diário de bordo que revela uma das façanhas mais incríveis de toda a história da humanidade.
            O Major era membro das Forças Armadas dos Estados Unidos. Em uma espécie de diário de bordo, registrara todos os pormenores do projeto batizado como Operação Cavalo de Troia. Durante a década de 60, descobertas científicas mostraram ser possível realizar viagens no tempo ao desvendar a natureza dos “swivels”. Esses eram “entidades elementares” abundantes no cosmo e fundamentais para a formação da matéria e do universo. Por meio da inversão de massa e forçamento dos eixos do tempo dos swivels até uma data do passado, seria possível que um tripulante fosse transportado para uma era mais remota. Em decorrência disso, os cientistas norte-americanos construíram um protótipo chamado “berço” que seria o meio de transporte necessário para provar a veracidade de tamanha descoberta. Contudo, para qual momento da história da humanidade seria interessante empreender a jornada de teste? Por coincidir com uma das maiores questões de todos os tempos, a equipe decidira que a incursão-teste seria realizada para o tempo de Jesus de Nazaré, à época dos acontecimentos que fundamentam o cristianismo, no ano 30.
            A missão deveria ocorrer em sigilo absoluto. Para a implantação da base na região da Palestina, a equipe da operação camuflou o plano, ao fechar um acordo com os árabes para que fosse instalado um laboratório receptor de fotografias, quando na verdade seriam fixadas as bases de instalação do módulo do berço. O Major e outro tripulante seriam os “astronautas” a bordo do protótipo. Seu amigo Eliseu cuidaria e operaria o berço enquanto ao Major caberia a tarefa de se inculturar em meio aos palestinos, encontrar o círculo de amizades do Galileu e acompanhar-lhe os passos, durante sua última semana de vida. Contudo, a missão tinha um preceito ético que deveria ser observado severamente: o Major deveria agir como mero observador, evitando qualquer manobra que pudesse de alguma forma alterar o curso da história.
            A grande viagem ocorreu em janeiro do ano 1973 e deveria durar uma semana, coincidindo com os últimos dias vividos por Jesus antes de ser crucificado. O sucesso da partida deixou todos intrigados. O Major, assumindo o nome de Jasão, logo encontrou os primeiros judeus que lhe indicaram a direção para chegar à casa de Lázaro, fiel amigo que Jesus havia ressuscitado há poucos dias. O encontro com o nazareno não tardaria e Jasão se depararia com um homem alto, simples, alegre e cheio de entusiasmo ao falar do reino espiritual que estava próximo. Jasão logo se mistura a seus discípulos e prova-lhes a fidelidade ao mestre e a sua mensagem. E assim torna-se testemunha dos fatos que marcaram a crucificação e morte de Jesus, totalmente contrária aos preceitos da lei judaica (Misná), cujos sacerdotes diziam-se observantes estritos.
            Mesmo atestando a autenticidade do legado dos evangelhos com os fatos que vivenciava, Jasão confirmou que os historiadores e a interpretação dos exegetas equivocaram-se ao abordar alguns momentos dos primórdios do cristianismo. O episódio que ficou conhecido como “expulsão dos mercadores do templo” na verdade significou uma manobra de Jesus para atingir os próprios saduceus, acostumados a exorbitar os preços das oferendas durante a época da Páscoa. Outro fato desconstruído foi em relação à traição de Judas. Como ele era o administrador das finanças do grupo de discípulos, 30 moedas de prata pouco significavam perto do montante que era responsável. Sua motivação maior fora seu espírito ambicioso frente ao desprestígio que tinha, incrementado pelo destaque que o Mestre dava a Pedro, Tiago e João. Além do mais, os saduceus podiam facilmente silenciar o galileu e exterminar seus seguidores, mas Judas dificilmente aceitaria conviver com a ideia de fazer parte de um grupo fracassado. Quanto à mensagem cristã, Jasão conclui que Jesus pregava um reino de amor e compaixão que nasce no próprio coração do homem e não a observância rigorosa de um rol de preceitos eclesiásticos.
            Essa primeira parte de uma série de longos nove livros que compõem a coleção Operação Cavalo de Troia, exigirá do leitor bastante paciência e tolerância às inúmeras notas de rodapé e aos detalhes do enredo. Mesmo enriquecendo a leitura com traços históricos e culturais dos costumes daquele tempo, tamanha descrição torna a leitura um verdadeiro desafio. Por outro lado, é interessante notar a mudança de opinião por que passa o Major: de um descrente convicto, sente-se tocado pela imagem daquele homem tão humano que destoa bastante da visão transcendental e etérea que as religiões costumam retratá-lo. Daí emerge a mensagem que o autor busca transmitir por meio da ficção que constrói, de que os homens devem despertar para o reino de Deus que já está presente dentro do coração de cada um.

REFERÊNCIA LITERÁRIA
Título:        Operação Cavalo de Troia I
Subtítulo:   Jerusalém
Autoria:      Juan José Benítez
Editora:      Mercuryo
Ano:            2004
Local:          São Paulo
Edição:        1ª
Série:          Operação Cavalo de Troia - Vol. I
Gênero:      Ficção científica

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Pai rico, pai pobre (Robert Kiyosaki // Sharon Lechter)



         Esse livro expressa o ponto de vista de um inconformado com o sistema tradicional de ensino, que foca somente no repasse de informações, muitas delas que serão inúteis na prática cotidiana, e não se preocupa em ensinar a ver as oportunidades e tirar-lhes bom proveito. Dessa forma, o autor deseja compartilhar sua experiência, mostrando que nem sempre uma boa formação acadêmica é o essencial àqueles que desejam ser ricos no futuro.

            Robert Kiyosaki parte de sua história de vida para intitular o livro, bem como esmiuçar sua explanação. Dois pais influenciaram sua educação: um pai biológico e outro que lhe ensinou formas para alcançar riqueza. O pai biológico, a quem ele se refere como "pai instruído" valorizava o sistema tradicional de ensino e sempre incentivou seus filhos a estudarem muito para conseguirem boas notas e, no futuro, trabalharem em uma boa empresa que pagasse excelentes salários. Por outro lado, o outro pai, a quem se refere como "pai rico", ensinou a Robert e seu amigo Mike que, caso quisessem ser ricos no futuro, poderiam estudar menos, trabalhar menos e observar mais como funciona a lógica dos mercados. Intrigados com essa forma inovadora, os dois garotos iniciaram uma espécie de "curso" com o pai rico, que lhes transformaria radicalmente a forma de encararem o mundo.

            Conforme a experiência que Robert adquiriu com pai rico, as pessoas deveriam correr atrás de algo que as escolas não se preocupam em ensinar: inteligência financeira. Por isso, entende-se a criatividade para se ter mais opções, aumentando os ganhos e solucionando problemas financeiros. O grande segredo dos ricos seria o fato de que fazem com que o dinheiro trabalhe para eles, ao invés de trabalharem arduamente para ganharem o dinheiro. E para alcançar esse patamar é fundamental compreender uma lógica simples, porém substancial: a diferença entre "ativos" e "passivos". Ativos é tudo aquilo que faz com que o dinheiro entre no bolso, enquanto passivos é tudo aquilo que tira o dinheiro do bolso. A roda mestra da riqueza é fazer com que a coluna de ativos seja sempre maior do que a de passivos e, para isso, é necessário desenvolver o QI financeiro, usando o maior ativo que uma pessoa possui: a mente.

            O autor faz referência ao jogo cashflow desenvolvido por ele para que as pessoas aprendam de forma lúdica como se comportarem quando o assunto é sucesso financeiro. Segundo ele, a maioria das pessoas fica presa naquilo que ele chama de "corrida dos ratos".  Isso seria um estado financeiro no qual a coluna de ativos serve unicamente para satisfazer a coluna de passivos. Assim, as pessoas preocupam-se somente em manterem seus empregos, visando segurança, e tudo aquilo que ganham serve apenas para pagar dívidas, tributos e investimentos que não lhes dão retornos reais, além de recorrerem a empréstimos e finaciamentos que lhes consomem boa parte da renda devido aos juros exorbitantes. A superação desse estado consiste em fazer com que entrem na "pista de alta velocidade", a qual é um estado financeiro em que o dinheiro passa a trabalhar a favor das pessoas. Daí vem a diferença entre os pobres e a classe média em relação aos ricos: enquanto aqueles trabalham pelo dinheiro, estes fazem dinheiro.

            O autor dá ainda, dicas para que as pessoas possam rever suas vidas financeiras e entrarem no jogo por bons investimentos. Ressalta, contudo, que qualquer investimento traz benefícios e riscos, de forma que a aposta em algum deles deve ser precedida de conhecimento e alfabetização financeira. Longe de recomendar que todos abandonem a escola e passem a investir o tempo em meios que lhes tragam retornos financeiros, o grande mérito desse livro está em despertar as pessoas para que se projetem no futuro e comecem a buscar os meios que lhes farão alcançar suas metas.

REFERÊNCIA LITERÁRIA

Título:        Pai rico, pai pobre

Subtítulo:  o que os ricos ensinam a seus filhos sobre dinheiro

Autoria:      Robert T. Kiyosaki / Sharon L. Lechter

Editora:      Campus

Ano:           2000

Local:         Rio de Janeiro

Edição:       39ª


Gênero:      Finanças | Administração

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Cowboys & Aliens (Mitchel Rosenberg / Fred Van Lente / Andrew Foley)

            Inspirada na eterna luta de homens e alienígenas, Cowboys & Aliens é a graphic novel que inspirou a produção do filme homônimo, lançado em 2011, embora com algumas diferenças sutis.
            O espaço e tempo em que a história acontece é Arizona (EUA), em 1871. Nessa época, as lutas entre os colonizadores europeus e os índios eram uma constante, aqueles em busca da conquista territorial sob a ideia de “progresso” e esses em busca da defesa de suas próprias terras. Nesse contexto, o casal de cowboys, Zeke Jackson e Verity, juntamente com um padre, conduzem uma caravana rumo às minas de prata de Silver City. Contudo, o grupo é atacado em uma emboscada, por um selvagem grupo de índios apaches, disposto a eliminar cada membro. Uma batalha é travada e Zeke consegue escapar do tiroteio. Contudo, alguns índios o seguem e derrubam-no de seu cavalo. Era o fim, não fosse o aparecimento inesperado de um OVNI, surpreendendo a todos.
            Os alienígenas vinham com uma missão bem determinada: dominar a área dos terráqueos. Contudo, danos sofridos durante a aterrissagem fizeram com que improvisassem uma antena fabricada com os destroços de sua nave, a fim de estabelecerem uma comunicação interplanetária com a base de origem. Para Zeke, os extraterrestres eram, no mínimo, bastante evoluídos: tinham armas legais como pistolas de plasma e chicotes mágicos, suas naves eram de uma tecnologia nunca antes vista, a objetividade com que buscavam consumar a missão demonstrava bastante conhecimento do planeta Terra, eram capazes de compreender a língua humana e de se comunicarem com perfeição. Porém, os intrusos não eram nada amigáveis, dispostos a dissolverem qualquer um que lhes apresentasse no caminho.
            Frente a uma ameaça tão desconhecida e ao mesmo tempo tão ameaçadora, índios e colonizadores tinham somente uma saída nada amigável: unirem forças em prol do combate aos alienígenas e, assim, salvarem o mundo da ameaça que vinha do espaço. Nesse intuito, uma suposta alienígena se apresentaria a eles como uma agente subversiva que não possuía interesse em ver a destruição da espécie humana, pondo-se ao seu lado na empreitada de contra-ataque.
            Fisicamente, essa edição da Galera Record possui uma apresentação de primeira: capa dura, folhas de excelente qualidade, diagramação e cores vibrantes, leitura fluente, etc.. No entanto, a história apresenta uma temática que exige um desenvolvimento qualitativo e um final bombástico. É certo que uma graphic novel, para obter sucesso, deve possuir diálogos objetivos, complementados pelas imagens que devem também narrar a história. Esse é um aspecto falho de Cowboys & Aliens o que faz a história pareça pouco interessante pelo fato de ser muito simplista. Algumas passagens poderiam ter sido mais bem desenvolvidas e despertarem sentimentos mais francos nos personagens. Por exemplo, um cowboy do Velho Oeste se apaixonaria facilmente por uma alienígena subversiva, sem que isso lhe despertasse certa desconfiança em um primeiro momento? O episódio final deixa uma brecha para a continuação em um segundo volume. Contudo, a falta de expressividade desse primeiro nos quesitos apontados acima compromete a expectativa de uma continuação mais surpreendente.

REFERÊNCIA LITERÁRIA
Título:         Cowboys & Aliens
Autoria:       Mitchel Rosenberg / Fred Van Lente / Andrew Foley
Editora:       Galera Record
Ano:             2011
Local:           Rio de Janeiro
Edição:         1ª
Gênero:        Ficção científica

Confira o trailer da adaptação para o cinema lançada em 2011: